A Peugeot Citroën anunciou, esta quinta-feira, que vai cortar oito mil postos de trabalho em França devido a uma quebra acentuada no mercado europeu que originou perdas no primeiro semestre do ano, apesar de não ter especificado o seu valor. A decisão poderá afetar cerca de 300 lusodescendentes.
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"A maioria dos operários portugueses da Peugeot, que eram portugueses de primeira geração, já está aposentada. Há cerca de 300 lusodescendentes, na sua maioria de segunda geração, que já têm nacionalidade francesa", afirmou o embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa.
Segundo Seixas da Costa, estes trabalhadores, "normalmente operários especializados", são aqueles que "podem ser afetados" pela decisão do construtor francês.
"O importante é garantir que os direitos são respeitados. Nós naturalmente estamos disponíveis para prestar apoio de natureza jurídica, mas tratando-se de cidadãos franceses, naturalmente que a defesa desses direitos é no quadro da própria cidadania francesa que eles possuem", assinalou o embaixador.
Segundo um comunicado da PSA Peugeot Citroën, a decisão está enquadrada num plano de reestruturação que pretende recuperar a competitividade da empresa, acrescentando que a quebra nas vendas na Europa no primeiro semestre provocou uma queda de 18 por cento nas vendas do grupo francês, "muito exposto à Europa do Sul".
O maior fabricante de automóveis de França e o segundo da Europa, depois do alemão Volkswagen, disse esperar que o mercado europeu registe este ano uma quebra de 8% e que o seu negócio caia consequentemente 10%, salientando necessitar de se ajustar a esta realidade perante perspetivas de agravamento da situação.
A utilização da capacidade das fábricas europeias caiu para 76% nos primeiros seis meses do ano, comparando com 86% do mesmo período anterior, esperando-se prejuízos de 700 milhões de euros nos seus resultados operacionais entre janeiro e junho.
"A amplitude e o caráter duradouro da crise que afeta a nossa atividade na Europa, faz com que seja indispensável uma reorganização do nosso projeto", indicou em comunicado o presidente da empresa, Philippe Varin.
Para fazer frente à redução nas vendas, "recuperar o equilíbrio e a capacidade de aplicar" a sua estratégia empresarial, a reestruturação inclui, entre outras, o encerramento da fábrica de Aulnay em 2014, com três mil trabalhadores.
A PSA acrescentou que a sua fábrica em Rennes, dedicada à produção do Peugeot 508, Citroën C5 e C6, também foi afetada pela conjuntura europeia e dos seus 5.600 empregados, está a estudar a saída de 1.400 "com as medidas de acompanhamento necessárias".
Os restantes 3.600 postos que a Peugeot Citroën planeia suprimir irão repartir-se pelo conjunto das suas fábricas em França, dentro de um plano de adaptação da sua produção ao volume de atividade e redução de custos.
O conjunto das medidas anunciadas, segundo a empresa, será detalhada durante a apresentação dos resultados semestrais no próximo dia 25 de julho.
Na semana passada, os jornais franceses referiam que o Estado francês estaria a estudar o 'resgate' da Peugeot Citroën devido à sua situação financeira.
O Governo de François Hollande, que também tem 15 por cento da Renault, poderá estar a estudar uma entrada no capital da PSA, uma forma de 'resgatar' o grupo automobilístico controlado pela família Peugeot, com 25,2% do capital e 37,9% dos direitos de voto.
A situação "é crítica", referia a EFE, agravada depois de a PSA ter anunciado que necessita urgentemente de reduzir mil milhões de euros adicionais nos custos da empresa.
A possibilidade de um 'resgate' à Peugeot Citroën foi admitida por Philippe Bonnin, um influente político socialista francês, próximo de François Hollande, e que colaborou na coordenação do livro branco do setor automóvel que vê "insustentável" a situação que o grupo atravessa.