O Ministério da Saúde e a farmacêutica Gilead Sciences chegaram, esta quinta-feira à noite, a acordo sobre o preço do novo medicamento para a hepatite C, o que significa que vai ser possível tratar todos os doentes em três anos.
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O entendimento foi alcançado numa reunião entre o ministro da Saúde, o presidente do Infarmed e o diretor europeu da farmacêutica Gilead Sciences. O responsável veio de Genebra para reunir com as autoridades de saúde portuguesas e tentar pôr um ponto final nas negociações que decorrem há vários meses e se intensificaram nas últimas duas semanas.
Segundo apurou o JN, o valor acordado vai permitir tratar todos os doentes com hepatite C com indicação clínica para tomarem o sofosbuvir num prazo de três anos. O preço negociado é confidencial, tendo a empresa ameaçado retirar a proposta caso venha a ser revelado.
Entretanto, soube o JN junto de fonte próxima, o Infarmed está a convocar médicos especialistas na área para uma reunião na próxima quinta-feira. O encontro servirá para consensualizar as regras de utilização do medicamento, que ficará disponível no mercado português para dispensa hospitalar. "
O ansiado acordo acontece um dia depois da polémica do acesso ao sofosbuvir - o fármaco comercializado pela Gilead que apresenta taxas de cura acima dos 90% - ter tomado conta da audição do ministro Paulo Macedo na Comissão de Saúde.
Ao final do dia, José Carlos Saldanha, o doente que no dia anterior gritou perante os deputados - "Não quero morrer"-, foi informado oficialmente pelas autoridades de saúde que iria receber o tratamento.
O sofosbuvir foi aprovado na Europa há quase um ano. A Gilead apresentou ao Infarmed um preço inicial de 48 mil euros por cada tratamento de três meses por doente, valor que a tutela considerou "imoral" e susceptível de pôr em causa a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
No mês passado, a farmacêutica ofereceu 100 tratamentos, sem custos para o SNS, que começaram anteontem a ser requisitados pelos hospitais.