A Associação Nacional de Estudantes de Medicina no Estrangeiro manifestou, esta quarta-feira, a sua solidariedade com a greve dos médicos, enaltecendo o objetivo de "evitar a precarização" da saúde, um "direito básico de qualquer cidadão".
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A associação, que representa os estudantes portugueses de medicina na União Europeia, refere, em comunicado, que "não pode ficar indiferente aos recentes acontecimentos em Portugal no que toca à área da Saúde".
Para a Associação Nacional de Estudantes de Medicina no Estrangeiro (ANEME), a paralisação de hoje e quinta-feira, convocada por dois sindicatos e apoiada pela Ordem dos Médicos (OM), é "o acumular de ocorrências".
"Na conjuntura atual, podemos afirmar que muitos dos cortes realizados na área da Saúde são compreensíveis, outros nem tanto, mas querer degradar de forma grosseira a qualidade dos serviços prestados aos doentes e precarizar a carreira médica com o novo método de contratação de profissionais de saúde é algo que não podemos compactuar", sublinha.
A associação defende que todas as decisões políticas "devem ser bem fundamentadas e explicadas aos cidadãos".
Para os estudantes de medicina, o concurso para a contratação de 2,5 milhões de horas de trabalho, em que "o critério fundamental é o valor mais baixo por hora pelo serviço prestado", e os "sucessivos entraves colocados no acesso de cuidados de Saúde a um número cada vez maior de cidadãos" são medidas que "devem ser impedidas".
Medidas como estas irão trazer "consequências nefastas para os doentes, uma vez que serão privados de uma prestação de cuidados de saúde condigna", sublinham.
Os estudantes criticam ainda "o impedimento da progressão na formação profissional".
O Ministério prefere "limitar o acesso à especialização, sem entender que um aluno de Medicina quando termina o curso de seis anos necessita ainda de quatro a seis anos para se tornar especialista", optando por aumentar as vagas de acesso às faculdades de medicina nacionais e permitindo que as Faculdades de Medicina do Algarve e de Aveiro persistam, sustentam no comunicado.
Por todas estas situações, a associação manifesta-se solidária com a paralisação dos médicos, considerando que é "um meio de lutar, tanto pelos direitos de uma profissão, como pelos direitos dos doentes, tendo como pano de fundo o objetivo de evitar a precarização de um direito básico de qualquer cidadão, a saúde".
Os médicos cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve, durante os quais os serviços públicos de saúde vão funcionar como se fosse fim de semana ou feriado.
Na base do protesto dos médicos estão 20 reivindicações dos clínicos, sendo a mais polémica o fim do concurso de aquisição de serviços médicos.
Os médicos reclamam a defesa da "qualidade do exercício da profissão médica e da sua formação contínua" e recusam "as múltiplas e graves medidas governamentais de restrição no acesso aos cuidados de saúde para um número crescente de cidadãos, colocando permanentes situações dramáticas aos vários sectores de profissionais de saúde".