O director-geral de Saúde, Francisco George, criticou esta quinta-feira a resposta inicial das autoridades alemãs ao surto de E.coli, em Maio, considerando que houve "muitos erros de comunicação".
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Ao recordar que "os grandes cuidados não terão sido adoptados" logo que foram conhecidos os primeiros casos de contaminação pela bactéria, Francisco George disse, em Coimbra, que "este é um problema grave em várias dimensões".
Na sua opinião, houve "falta de consistência e rapidez" na resposta e foram cometidos "muitos erros de comunicação" das diferentes autoridades da Alemanha, a nível estadual e federal.
"Este é o maior e o mais grave de todos os problemas ligados às doenças que têm por veículo os alimentos contaminados", enfatizou.
O director-geral de Saúde intervinha na cerimónia de abertura do 4º Congresso Pandemias na Era da Globalização, cujo programa inclui o 2º Simpósio Nacional sobre Medicina do Viajante.
Francisco George lamentou que os "grandes cuidados" não tenham sido tomados de imediato, na Alemanha, face ao surto de E.coli, apesar de este ter eclodido "no país mais rico" da União Europeia.
Ao realçar que "o problema ainda não está controlado", ressalvou, no entanto, que "esta epidemia não tem expressão pandémica".
"Não estamos perante um problema que evolui para uma pandemia", acrescentou.
Trinta anos após terem sido conhecidas as primeiras mortes por sida, verifica-se um novo "problema inesperado", com a morte de cerca de 40 pessoas contaminadas pela bateria E.coli.
"É este conceito de 'fenómeno inesperado' que merece reflexão", disse Francisco George.
Também o presidente do congresso, António Meliço-Silvestre, abordou em tom crítico os problemas da epidemia da "escherichia coli", na sua estirpe E.coli O104:H4.
"Como são voláteis estes conceitos, como se demonstra pelo inimaginável espectáculo tão perturbador, mas tão na ordem do dia, da epidemia alemã", afirmou.
Um problema "que já causou quatro dezenas de vítimas, num país do primeiro mundo", a Alemanha.
"País, aliás, bem pouco solidário, ao apontar os seus parceiros espanhóis e os seus inenarráveis pepinos como causa do surto epidémico, sem subsequente e rigorosa sustentação científica", acusou o especialista em doenças infecciosas.
Na abertura dos trabalhos, que decorrem até sábado num hotel de Coimbra, interveio também o médico José Tereso, em representação da Administração Regional de Saúde do Centro.