Correia de Campos, ex-ministro da Saúde dos governos de José Sócrates, defendeu, esta manhã, que o país deve manter um serviço público de televisão e criticou o Governo por estar a dar "sinais de desorientação", na gestão do caso RTP, por haver opiniões diferentes de pessoas próximas do Governo ou da coligação.
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"Isto é um sinal de desorientação. Eu preferia que fosse um sinal de premeditação, mas nem sequer isso é. Acho que é uma infantilidade política, uma inexperiência política, uma tática do toca e foge. Isto não é sério", disse, à saída de uma aula na Universidade de Verão dos socialistas, onde falou sobre a "Europa das Pessoas".
Segundo Correia de Campos, a coligação sai beliscada, mas "certamente, no final, aparecerá Passos Coelho a apagar os pequenos fogos".
Ainda sobre a Maioria, o socialista lembrou que o destino de qualquer coligação é a morte, quando sublinhou que "tudo aquilo que nasce, cresce e se desenvolve, morre". A questão, continuou, "está no tempo de sobrevivência", acrescentando que, ao fim de um ano, começa a apresentar muitas fraturas, falhas e amadorismo.
Concordou ainda com o presidente da República quando hoje Cavaco afirmou que a proposta do Governo para a RTP deve ser bem explicada. "Nem sequer se sabe se a ideia de concessão da RTP implica o financiamento do povo português com essa taxa do audiovisual através da conta da eletricidade. É bom que as pessoas saibam que pagamos cerca de 2,9 euros por mês para pagar a televisão pública. Então vamos pagá-la a uma televisão cuja propriedade só formalmente se mantém pública?", questiona.
Também Maria João Rodrigues, ex-ministra do Emprego de António Guterres, que também participou no debate, defendeu que qualquer país precisa de um serviço público de televisão. "Não creio que soluções deste calibre possam ser desempenhas por uma entidade privada". Disse ainda compreender a perplexidade por parte das instâncias europeias sobre o caso RTP, já que nenhum outro país pratica esta solução.