O ministro da Saúde avançou, esta quinta-feira, que a Direção-Geral da Saúde teve garantias de que Portugal terá acesso a um soro experimental, fármaco administrado com sucesso a alguns sobreviventes do ébola.
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Um destes fármacos, o Zmapp, surtiu efeito, por exemplo, num médico missionário norte-americano, logo no início da epidemia. O mesmo já não aconteceu com o doente liberiano internado num hospital do Texas, que acabou por falecer ontem, depois de ter experimentado um outro medicamento em teste, cujo componente principal é o brincidofovir.
Ao JN, Francisco George, da DGS, afirmou que o acesso de Portugal a um soro experimental chegará via "protocolo com a homóloga espanhola da nossa Direção-Geral". Mais não adiantou.
Em Espanha, ontem, continuava a problematizar-se a causa do contágio da auxiliar de enfermagem que esteve envolvida no tratamento do missionário Manuel Garcia Viejo, que acabaria por falecer por causa deste vírus. A própria reconheceu que poderá ter sido uma falha no manuseamento do equipamento.
De regresso a Portugal, ontem, no Parlamento, o ministro da Saúde fez questão de sublinhar que "o país está preparado para responder ao vírus" e que o fará em duas frentes: no repatriamento de um português que tenha sido infetado; e na importação de um caso vindo de outro país.
No caso de repatriamento, têm sido feitos simulacros e investimentos na compra de equipamentos. Paulo Macedo assegura que "o INEM está em condições para fazer o transporte em segurança de doentes", acrescentando que existem ambulâncias só para este efeito. Numa situação de importação, o governante salienta que a preocupação é a triagem no aeroporto de origem e não no de chegada. " A grande barreira à transmissão do vírus é no embarque e não à chegada", argumentou.
Ainda sobre os meios, o governante adiantou que existem 10 camas pediátricas no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e no de S. João, no Porto; e mais 34 camas para adultos, nos hospitais Curry Cabral, em Lisboa, e no de S. João, prontas para serem ocupadas apenas nestes casos.
Aviões com doentes
Já no que diz respeito ao transporte aéreo de pacientes com ébola, o responsável revelou que as Lajes, nos Açores, e o aeroporto civil e militar de Lisboa são as zonas definidas para a aterragem destes aviões.
Recorde-se que, na passada segunda-feira, um avião que transportava uma norueguesa com ébola solicitou autorização para reabastecer na Madeira, tendo esta sido recusada. Em alternativa, foi indicada a cidade de Lisboa como a que responderia melhor a uma eventual emergência, segundo um comunicado do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).
Ao JN, Cristina Abreu Santos, da Unidade de Emergência da DGS, explicou que "em caso de emergência é sempre preciso equacionar qual o melhor sítio para aterrar: se na primeira cidade possível, se numa cidade com hospitais de referência. Será visto caso a caso", explicou.
Entretanto, a Direção-Geral da Saúde informou que as unidades de saúde terão cartazes informativos sobre a doença em três línguas: Português, Inglês e Francês.
Paulo Macedo prometeu, ontem, o acesso ao soro experimental no caso de o ébola chegar a Portugal. O ministro revelou, ainda, que existem 44 camas disponíveis para atender possíveis casos de contágio.