A operação que a Greenpeace montou em Copenhaga é uma das maiores de sempre, calculando-se que mais de 500 activistas, procedentes de 43 países, passem pela cidade dinamarquesa durante a conferência sobre o clima.
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O quartel-general da associação ambientalista está situado no clube de praia Halvandet. Na sala que costuma ser usada como discoteca no verão, está situada a fábrica de faixas, que também é usada por outras organizações que fazem parte da Global Campaign for Climate Action (Campanha Global pela Acção para o Clima).
No meio da sala está um boneco de neve insuflável gigante. Activistas preparam o material para hoje, dia em que se esperam duas manifestações, com 16 mil pessoas na rua.
Em menos de quatro dias, foram produzidos mais de 3000 estandartes de madeira e milhares de faixas foram pintadas por voluntários.
Paulo Mellett veio da cidade nortenha de Monção e é voluntário da Greenpeace. Britânico de origem, emigrou do Reino Unido para Portugal há cerca de um ano, para desenvolver actividades de agricultura biológica sustentável. É também membro da equipa de especialistas em escalada da Greenpeace e, enquanto não chega o momento de ser chamado para uma acção directa, ajuda a construir a faixa gigante em forma de vela.
"Nesta faixa pedimos aos políticos para fazerem um tratado vinculativo. Estou aqui porque quero fazer parte da pressão que é necessário fazer sobre os políticos. Quero evitar que os acordos sejam fracos ou que se assista a greenwashing [branqueamento ecológico]", comenta, sem parar de pintar as letras maiúsculas com tinta negra.
Os primeiros a chegar a Copenhaga, dez dias antes do início da conferência, foram os membros do grupo juvenil da Greenpeace (Solar Generation), que, na companhia de batuques e tambores, andaram pela cidade a mobilizar pessoas e a visitar embaixadores de diversos países, intercedendo por um acordo climático significativo.
Os restantes activistas e voluntários vão chegando e partindo de acordo com as actividades em que vão participar.
O suíço Adrian conta, a gesticular, como quatro activistas entraram no hotel onde está hospedada a delegação da Polónia, levando cartazes e mensagens em rádios portáteis. A acção foi levada a cabo por um grupo de resposta rápida, que está preparado para fazer acções directas junto de delegações cujos discursos não estejam de acordo com as propostas da Greenpeace. "Foi incrível", diz Adrian.
Na cidade estão também dois navios da Greenpeace. No centro de Copenhaga, o navio "Arctic Sunrise" está aberto ao público e pendurou uma faixa na proa, na qual se pode ler "Políticos falam. Líderes actuam". A alguns quilómetros de distância e nas proximidades do aeroporto está o "Beluga II", com uma faixa gigante que se vê do ar.
Os ambientalistas, em conjunto com outras organizações, criaram painéis publicitários, colocados no aeroporto, que retratam líderes mundiais como Barack Obama, Lula da Silva, José Luís Rodríguez Zapatero, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy com mais dez anos de idade e pedindo desculpa pelo falhanço em Copenhaga.
No Bella Center, onde decorre a conferência, a Greenpeace tem um serviço de café à saída da estação de metro, uma equipa de 200 conselheiros políticos e um stand informativo.
As reuniões de estratégia para planear actividades são feitas em carrinhas em movimento e sem telemóveis, para que a polícia não tenha acesso a nenhum detalhe.
*agência Lusa