O director do Serviço de Imunohemoterapia do Hospital de S. João, no Porto, manifestou-se, esta sexta-feira, "preocupado" com a "quebra substancial" nas dádivas de sangue, admitindo que, a continuar assim, seja necessário "adiar cirurgias".
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"Temos uma quebra relativamente à afluência dos dadores de sangue e, neste momento, estamos preocupados", afirmou Fernando Araújo, em declarações à agência Lusa.
Por isso, apelou aos dadores do "S. João" para que se desloquem ao hospital e doem sangue, e também para que se façam acompanhar de "algum familiar ou um amigo porque, neste momento, é necessária a sua participação e o seu acto cívico".
"Os stocks ainda permitem continuar, mas se esta redução de oferta dos dadores se mantiver é presumível que, dentro de algum tempo, tenhamos de adiar cirurgias por falta de sangue", disse.
Esta deverá ser, segundo o mesmo responsável, "uma das primeira consequências da falta de sangue".
Contudo, Fernando Araújo, que foi presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, até ser substituído, em Outubro de 2011, por Castanheira Nunes, manifestou-se "esperançado que as pessoas, ao saberem desta necessidade, de uma forma solidária, venham e voltem a doar sangue".
O director do Serviço de Imunohemoterapia do S. João disse compreender a insatisfação dos dadores em relação, nomeadamente, ao fim da isenção das taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde, mas considerou que deixar de doar sangue "não é a melhor forma de exprimirem o seu descontentamento, porque no final quem é prejudicado são os doentes".
Fernando Araújo falava à margem da sessão comemorativa do aniversário do Serviço de Hematologia Clínica do Centro Hospitalar de S. João que há 15 anos realiza transplante de células estaminais, sobretudo, em doentes com leucemias.
De acordo com o director do Serviço de Hematologia do S. João, José Eduardo Guimarães, foram já realizados 417 transplantes, um número que tem vindo a crescer de ano para ano. "O número de consultas mais do que duplicou nos últimos 15 anos e o número de primeiras consultas mais do que triplicou", acrescentou o mesmo responsável.