A Associação Portuguesa de Medicina de Emergência defendeu hoje, quarta-feira, que o INEM deve ter planos de contingência, com escalas de prevenção, para poder responder a situações de catástrofe sem recorrer a voluntários, mas o instituto garante não funcionar com voluntariado.
Corpo do artigo
"É absolutamente imprescindível que existam planos de contingência, com escalas de prevenção, e uma gestão do sistema adequado que evitem que, como neste caso [acidente na A25], tenham de convocar voluntários por SMS", disse à agência Lusa o presidente da associação.
Vítor Almeida comentava as declarações à Lusa de Regina Pimentel, delegada regional do Centro do Instituto Nacional de Emergência Médica, segundo a qual o pessoal do INEM foi mobilizado através de SMS, o que permitiu que "muitos se deslocassem pelos seus próprios meios para o local".
Para o também médico do Hospital de Viseu, é importante que, "em casos de catástrofe, haja planos de contingência em que o INEM tenha possibilidade de ter um stock de recursos humanos para poder responder sem ter que recorrer a voluntários".
"Em situações de catástrofe maciça, o socorro não pode viver de voluntários recrutados desta forma, tem de haver uma resposta organizada", sustentou.
Contactada pela agência Lusa, uma fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica garantiu que o INEM dispõe de Plano de Contingência, adiantando que "a forma de comunicar com os operacionais é a que está prevista no Plano e é do conhecimento de todos os profissionais".
A mesma fonte explicou que "existe um sistema instituído com programas informáticos, salas de crise e toda uma articulação que é testada diversas vezes ao ano em todos os simulacros (e nas situações reais) de situações de excepção".
Vítor Almeida adiantou que no dia do acidente houve médicos que se deslocaram voluntariamente para o local do acidente, que ocorreu na segunda feira na auto estrada 25, em Sever do Vouga, causando cinco mortos e 72 feridos.
"Os planos de contingência devem dar "uma resposta profissionalizada e não na base do voluntariado", defendeu.
A fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica refutou estas críticas, afirmando que "não existe voluntariado no INEM": "São convocadas pessoas da estrutura do INEM que estão preparadas para responder rapidamente. Têm formação para o fazer e o seu serviço é pago".
Advogou ainda que "os profissionais do INEM, independentemente do seu estatuto profissional, quando recebem a formação para desempenhar a sua função, têm sempre um módulo de resposta em situações de excepção, pelo que o plano é conhecido, está articulado e funciona com novas tecnologias".
"Os profissionais, se têm conhecimento do facto que gera a situação de excepção antes de serem contactados, colocam-se de imediato à disposição, porque na sua formação esse facto é também transmitido", acrescentou.
Para o INEM, "a articulação da coordenação da situação de excepção com os seus operacionais é um sistema que merece confiança e que pode garantir confiança aos cidadãos, prova disso foi o acidente de anteontem".