A presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida disse, esta quarta-feira, estar surpreendida com a possibilidade de a Maternidade Alfredo da Costa vir a cobrar aos seropositivos 740 euros em análises antes e após as "lavagens de sémen" nos tratamentos de fertilidade.
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"Estou surpresa com a notícia. Não estou a ver essa situação acontecer uma vez que os seropositivos são isentos de pagamento pois têm uma doença crónica", afirmou à Agência Lusa a presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva.
A MAC vai iniciar brevemente tratamentos de infertilidade com esperma de dador, mas quem os recebe vai ter de pagar o sémen, que é importado e custa 350 euros, sendo apenas gratuita a aplicação da técnica, de acordo com informação avançada pela coordenadora do Centro de Procriação Médica Assistida (PMA) da MAC, em Lisboa, Graça Pinto.
Esta deverá ser também a solução encontrada pela MAC para custear as análises obrigatórias ao sémen de seropositivos, antes e depois da "lavagem" de espermatozóides, técnica que permite limpar o sémen de carga viral (VIH) e aos seropositivos serem pais. Cada análise custa 370 euros, num total de 740 euros.
"Sendo um bem adquirido e sabendo que a maior parte dos seropositivos para o VIH são populações vulneráveis não estou a ver a MAC, por mais problemas que esteja a passar, a cobrar aos seropositivos essa técnica", disse.
De acordo com Maria Eugénia Saraiva, os seropositivos são doentes isentos de taxas moderadoras, com medicamentos gratuitos e por isso não acredita que a opção da MAC tenha qualquer viabilidade jurídica e legal.
"Não, não pode acontecer. A MAC está a sofrer um estrangulamento financeiro e a procurar estratégias para combater a crise e uma delas será pedir ao Estado que apoie determinadas doenças, determinadas situações como esta, agora pedir directamente aos casais seropositivos não estou a ver", concluiu.