O pais da criança desaparecida, terça-feira, no rio Tua em Mirandela participaram hoje, segunda-feira, numa marcha de solidariedade com o filho "revoltados" com o silêncio da escola que, segundo dizem, ainda não lhes dirigiu "uma palavra".
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"Estamos revoltados com a escola porque ainda não teve uma palavra para nos dar", disse a mãe de Leandro, Amália Pires que se juntou, com o marido, às cerca de 300 pessoas que homenagearam hoje o Leandro.
"Nunca nos disse nada, a única pessoa daqui da escola que entrou em contacto connosco foi a directora de turma que me telefonou, quinta à noite, talvez até fosse de casa dela, a dizer que se eu precisasse de alguma coisa estava pronta a ajudar, quanto ao resto ninguém entrou em contacto connosco", lamentou Amália.
Segundo a progenitora, "nem mesmo o Ministério da Educação" que, no entanto, divulgou junto da Comunicação Social já ter providenciado os meios necessários de apoio à família.
O apoio psicológico que os pais dizem estar a receber é de um psicólogo do centro de saúde de Mirandela.
A mãe queixa-se da falta de segurança da escola, nomeadamente no portão, que permitiu que o Leandro e outros colegas saíssem do estabelecimento de ensino quando deviam estar na escola.
O portão que, segundo os pais sempre esteve aberto, tem estado na última semana fechado com o acesso vedado, nomeadamente aos jornalistas, aos quais a escola ainda não deu qualquer esclarecimento ou informação sobre o sucedido.
A mãe de Leandro confirmou que o filho já tinha estado hospitalizado por ter sido agredido
"Eu vim aqui e o conselho executivo o que me disse é que foi fora da escola que não tinha nada a ver com isso", afirmou a progenitora.
A PSP confirma a participação, feita em 2008, e que o caso foi remetido para o Ministério Público, mas os pais de Leandro garantem que "nunca foram chamados ou ouvidos pelo Tribunal".
O que Amália e Armindo gostavam de saber era o que aconteceu ao filho, terça feira, 2 de Março.
Segundo a mãe, Leandro nunca lhe disse nada em casa, sabe apenas da vez em que foi ao hospital de Mirandela e outra em que fugiu da escola e foi ter com ela à formação, "porque lhe tinham batido".
O irmão gémeo, os primos e outros colegas é que lhe contaram que ele era agredido todos os dias.
Os pais dizem que não lhe davam dinheiro "com medo porque começaram a dizer que lho tiravam para comparar cigarros e outras coisas" e então decidiram dar-lhe em casa o necessário para o lanche.
A mãe disse ainda que Leandro era "alegre e não se mostrava preocupado com nada".
"Claro que quando lhe bateriam ficaria revoltado", acrescentou.
Os pais agradeceram a homenagem ao pequeno Leandro em que cerca de 300 pessoas caminharam até ao rio com uma faixa com a fotografia da criança, poemas, flores e balões.
Antero do Nascimento tem um neto de dez anos a estudar na mesma escola e juntou-se à manifestação porque, segundo disse, o miúdo "também é espancado".
"Já cá vim também fazer muita queixa e até à data nada", afirmou.
A perguntas dos jornalistas se já falou com os responsáveis da escola respondeu com outra interrogação: "Vocês já conseguiram falar com a escola?".
O que lhe dizem sempre, segundo afirma, é que "não é nada, é coisa de garotos".
Diz que são espancados "pelos gandulos, andam aí gandulos com 18 anos. Os miúdos não podem trazer para aqui um euro, um telemóvel que eles roubam".
Ilda Araújo foi buscar o filho à escola e decidiu juntar-se à marcha, apesar de garantir que nunca teve problemas com o filho.
"Nem nunca me tinha apercebido, nem o meu filho nunca levou queixas para casa", disse.