Movimento de utentes considera que boicote dos médicos às horas-extra cria situação "inadmissível"
Os utentes dos serviços de saúde consideram que a decisão dos médicos de deixar de fazer horas extraordinárias vai prejudicar o atendimento e criar uma situação "absolutamente inadmissível" relacionada com a vida dos doentes.
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Manuel Villasboas, do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde, disse hoje à agência Lusa que "desde o momento em que não há meios humanos e materiais suficientes para atender a acumulação nas urgências,(...) [criam-se] situações que podem ter a ver com a vida dos utentes".
"Isto é absolutamente inadmissível", salientou Manuel Villasboas.
"Temo para os utentes situações bastante complicadas, na medida em que não tendo um atendimento à altura das terapias necessárias, muitos certamente vão ter agravamento das suas doenças", frisou ainda Manuel Villasboas.
A partir do dia 2 de Janeiro os médicos não farão uma única hora extraordinária, nem sequer as 12 a que actualmente são obrigados, conforme revelou à Lusa o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Em causa está o Orçamento do Estado para 2012, que estabelece novas formas de pagamento das horas extraordinárias, não contemplando qualquer excepção para os médicos.
"Este anúncio vem trazer uma grande preocupação aos utentes dos serviços de saúde pois face a esta situação seguramente vão ter mais problemas para resolver as suas situações", referiu o representante do Movimento, acrescentando que "o atendimento será muito prejudicado".
No entanto, admitiu que esta era uma situação "expectável", pois os médicos já tinham feito o aviso", relacionado com as medidas governamentais que "chegam ao ponto de cortar as horas extraordinárias aos médicos".
Quanto às urgências dos hospitais, "vão continuar a ser assoberbadas, os utentes vão ser pior tratados porque vai haver grande acumulação nas urgências e isto vai ser muito prejudicial", realçou.