O coronel Otelo Saraiva de Carvalho lamentou que os sucessivos governos não tenham conseguido definir o papel político das Forças Armadas, ao fim de nove reestruturações, desde 1974.
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"Até hoje, apesar de todas essas reestruturações, das leis orgânicas publicadas, não há da parte dos governos sucessivos uma definição concreta de qual é o papel das Forças Armadas. Politicamente qual é o caminho", questionou, recordando que a última reestruturação levada a cabo aconteceu em 2009.
O que fazem, quais são as missões, são questões sobre as quais ainda não houve resposta dos governos, observou, à margem de uma conferência hoje proferida no Instituto de Contabilidade e Administração de Coimbra sobre "As Forças Armadas na Defesa da República e da Democracia Portuguesa".
"É tudo a nível do esporádico. É tudo ao acaso", considerou, citando como exemplos a sua integração em missões internacionais no Afeganistão, ou no Líbano, ou a execução de ações de salvamento em Portugal.
Para Otelo Saraiva de Carvalho, "essas missões são ótimas", mas não expressam "qual o papel das Forças Armadas atualmente em termos de definição política", em Portugal.
"Não há uma linha concreta definida. E tudo isto vai contra a Constituição. Hoje, de facto, a profissão do militar é um emprego", sustentou, acrescentando que com o fim do serviço militar obrigatório "os jovens que vão para as Forças Armadas é para ter um emprego assegurado".