<p>O Papa Bento XVI afirmou hoje, domingo, estar "próximo" dos cristãos do Iraque que "sofrem perseguições e discriminações", pedindo a liberdade religiosa para todas as pessoas no mundo inteiro. </p>
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"As comunidades religiosas rezam hoje em Itália, a convite dos seus bispos, pelos cristãos que sofrem perseguições e discriminações, mais particularmente no Iraque", afirmou o Papa depois da oração do Angelus, na praça de São Pedro no Vaticano.
"Uno-me a esta invocação da vida e da paz a Deus para que em cada região do mundo a liberdade religiosa seja assegurada para todos. Fico próximo destes irmãos e irmãs pelo seu importante testemunho de fé face a Deus", concluiu Bento XVI.
O Papa já tinha condenado "a violência absurda e feroz" visando "pessoas sem defesa" no Iraque a 1 de Novembro último, um dia depois do atentado perpetrado por um grupo da al-Qaeda na catedral siríaca católica de Bagdad, do qual resultaram mortos 46 civis, incluindo dois padres, e sete membros das forças de segurança.
Segundo os números da Igreja, os católicos no Iraque passaram de 2,89% da população em 1980 (378 mil) para 0,94% em 2008 (301 mil).
Antes da oração do Angelus, Bento XVI impôs hoje aos 24 novos cardeais o anel cardinalício durante uma missa solene durante a qual sublinhou a missão da Igreja para transformar a terra e para que nesta germine a paz e a justiça.
No dia em que a Igreja comemora a festa de Cristo Rei, Bento XVI pronunciou na basílica de São Pedro uma homilia durante a qual afirmou que o seu ministério está baseado na fé em Cristo e que por isso o seu trabalho é "difícil" porque "não alinha" com a maneira de pensar dos homens.
Depois da homilia e perante cerca de sete mil pessoas que enchiam o templo, Bento XVI procedeu à imposição dos anéis.
Depois de terem recebido o anel hoje e o capelo no sábado, os novos cardeais tomarão posse nas próximas semanas das igrejas de Roma que lhes sejam atribuídas pelo Papa, que simbolizam a participação dos cardeais no cuidado da Cidade Eterna da qual o Papa é o bispo.
Sábado, o papa Bento XVI proclamou solenemente os 24 novos cardeais no início de um consistório na basílica de São Pedro, o terceiro do seu pontificado.
Depois da leitura em latim do ritual da criação de cardeais e da proclamação dos mesmos, o Papa colocou durante a cerimónia o capelo cardinalício, que juntamente com o anel, são os símbolos dos "príncipes da Igreja".
Dos novos cardeais, 20 são eleitores porque têm menos de 80 anos, ou seja podem participar num eventual conclave para eleger o Papa.
Os outros quatro são octogenários pelo que não podem entrar nos conclaves mas podem ser eleitos papa.
Dos 24, quinze são europeus, dois da América Latina, dois norte-americanos, quatro africanos e um é asiático.
O Colégio cardinalício fica composto por 203 "príncipes da Igreja", dos quais 121 poderão participar num eventual conclave para eleger o Papa por terem menos de 80 anos.
Os dois cardeais portugueses são José Saraiva Martins e José Policarpo.
Destes 203 cardeais, 111 são europeus, 31 da América latina, 21 dos Estados Unidos e Canadá, 17 africanos, 19 asiáticos e quatro da Oceânia.
Bento XVI já tinha nomeado 38 cardeais (36 ainda vivos, 30 com direito a voto).
Depois deste consistório, a Itália reforça o seu estatuto de país com maior número de cardeais eleitores (25).
"Itália seguem-se os Estados Unidos (13 cardeais eleitores), Alemanha (seis), Brasil, Espanha e França (cinco cada), México e Polónia (quatro cada).
Estes oito países totalizam 67 cardeais com direito a voto num eventual conclave, mais de metade do colégio de eleitores.
Qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o papa o desejar, pessoal ou colegialmente.
Durante o período de "Sede vacante", após a morte do papa, o colégio cardinalício desempenha uma importante função no governo geral da Igreja e também no governo do Estado da Cidade do Vaticano.
Os requisitos para ser criado cardeal são, basicamente, os mesmos que estabeleceu o Concílio de Trento a 11 de Novembro de 1563: homens que receberam a ordenação sacerdotal e se distinguem pela sua doutrina, piedade e prudência no desempenho dos seus deveres.