O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos quer reduzir o peso da nota dos exames nacionais no ingresso às suas instituições. Os quatro maiores institutos ficaram indignados com a ideia.
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A proposta foi aprovada, no passado dia 13, em reunião do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (CCISP) e está agora a ser analisada pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC). Mas passou com os votos contra dos quatro maiores institutos politécnicos (IP) do país - Porto, Lisboa, Coimbra e Leiria - que, juntos, congregam metade do total de alunos.
Segundo soube o JN, a intenção da proposta é combater a queda acentuada de candidatos a algumas engenharias (nomeadamente Civil e Mecânica), face à discrepância entre as notas do Secundário e depois os maus resultados nos exames nacionais de Matemática e de Física.
A introdução daquele critério permitiria que um candidato com aprovação no final do Ensino Secundário, mas com nota negativa no exame nacional, pudesse candidatar-se caso a média das duas notas fosse positiva. A adesão a este critério de ponderação seria facultativa para os IP.
"Vai criar rebaixamento"
A proposta foi aprovada com os votos contra dos quatro maiores IP e remetida para o MEC, que indicou ao JN estar a ser analisada pelo secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes. Todavia, os IP contra a proposta - Porto, Lisboa, Coimbra e Leiria - são frequentados por cerca de 53 mil alunos, metade do total 106 mil alunos do Ensino Politécnico público.
A polémica está menos no princípio de liberalizar o peso das notas dos exames nacionais no ingresso, mas mais no facto daquele critério se aplicar apenas aos politécnicos e não às universidades, segundo constatou o JN, em conversa com os três presidentes.
"É uma estratégia que, em termos de perceção social, vai criar um rebaixamento do Ensino Politécnico", disse a presidente do IP do Porto, Rosário Gambôa, indicando que o critério "não será aplicado no Porto"."Esta distinção vai criar uma situação em que vamos ter grandes desigualdades e o prejuízo é claramente para o subsistema politécnico em termos de imagem social, o que prejudica todo o Ensino Superior", declarou Luís Vicente Ferreira, presidente do IP de Lisboa. O presidente do IP de Coimbra, Rui Antunes, declara não ser contra a possibilidade de valorizar mais o percurso no Ensino Secundário, embora concorde com os colegas na aplicação exclusiva do critério ao Ensino Politécnico.
"Não há qualquer justificação em fazer isto apenas para o politécnico. Vai criar uma imagem de facilitismo, prejudicar as nossas instituições e os nossos alunos face ao mercado de trabalho", disse ao JN. "Não se trata de facilitismo, pode é haver pesos diferentes [das notas]", declarou o presidente do CCIPS (e do IP de Portalegre), Joaquim Mourato, remetendo mais comentários para depois da resposta do MEC.