A redução da taxa de mortalidade infantil no mundo custaria 40 mil milhões de dólares anuais, dez vezes menos do que habitualmente se calcula internacionalmente, revela um estudo apresentado na Índia pela organização Save The Children.
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A organização humanitária, que esta semana lançou uma campanha mundial para reduzir a mortalidade infantil, calculou que 40 mil milhões de dólares anuais, menos de metade do orçamento gasto com a compra de água engarrafada no mundo, permitiriam reduzir significativamente as taxas de mortalidade nos países mais pobres.
Anualmente, no mundo, dois milhões de crianças morrem no primeiro dia de vida e nove milhões não chegam à idade de cinco anos.
Segundo um inquérito conduzido pela Save the Children nos países desenvolvidos e economias emergentes, 48 por cento das pessoas interrogadas estimam que atacar a mortalidade infantil custaria menos de 40 mil milhões de dólares anuais e 68 por cento pensam que é possível agir.
"Não há verdadeiramente uma pressão sobre os governos para agir [sobre a mortalidade infantil] porque normalmente pensa-se que é muito oneroso", sublinha a organização, estimando que medidas simples e pouco caras permitiriam reduzir as taxas de mortalidade em 70 por cento.
Na Índia, todos os anos 400 mil recém-nascidos morrem ao fim de um dia de vida e cerca de dois milhões de crianças não chegam aos cinco anos de vida devido à má nutrição, diarreias ou pneumonia, de acordo com a Save The Children.
A Índia comprometeu-se internacionalmente a reduzir a actual taxa de 72 mortes por cada mil nascimentos para 38 mortos por mil até 2015, mas a Save The Children considera que, se o país não redobrar esforços, este objectivo só será alcançado em 2020.
Segundo os dados da Unicef, a taxa de mortalidade dos menores de cinco anos baixou mundialmente entre 1990 e 2008, registando-se uma quebra de 28 por cento.
Em 1990 registavam-se 90 mortes por 1000 nados vivos, valor que passou para 65 mortes por 1000 em 2008.
Em Portugal, a taxa de mortalidade infantil passou de 64,9 mortes por mil nascimentos em 1965 para 3,4 em 2007, segundo estatísticas recentemente divulgadas em Bruxelas.