<p>O apelo para a dádiva de sangue, feito pelo Ministério da Saúde - com urgência, porque as reservas estavam a esgotar-se - surtiu efeito. Nos últimos dois dias, o Instituto Português de Sangue colheu 3604 unidades, seis vezes mais do que a média diária.</p>
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Há poucos dias, o Ministério da Saúde lançou umapelo urgente para a dádiva de sangue, porque as reservas estavam a esgotar-se e, em parrticular na zona Sul do país, dariam apenas para dois dias. Diariamente eram feitas uma média de 970 colheitas, quando são necessárias 1030. Com as mini-férias do Carnaval a aproximarem-se o cenário apresentava-se muito grave. A população ouviu o apelo e acorreu em massa aos centros do IPS. Em apenas dois dias, apareceram mais de quatro mil dadores.
"O apelo surtiu um efeito fortíssimo, agora é continuar, porque é preciso sangue todos os dias", alertou Gabriel Olim, presidente do instituto. "O IPS precisa de 1200 pessoas a dar sangue todos os dias", reiterou Marília Morais, directora do Centro Regional de Sangue do Porto, acrescentando que "só o Porto, nestes dois dias colheu 800 unidades, o que é muitíssimo bom". Gabriel Olim insiste que "a prioridade absoluta é que nunca falte sangue".
Um país de dadores
Segundo a estatística, Portugal tem meio milhão de dadores, um número muito razoável. Pela Parte do IPS, o esforço, diz o seu presidente, é diário. "Em termos de meios, as nossas capacidades estão a ser utilizadas ao máximo", garante.
De facto, o IPS colhe 62% do sangue do país, e os hospitais (e são 24 os que fazem estas colheitas) colhem 38%, ainda que, "na globalidade apenas colham 60% das suas necessidades", revela o presidente Gabriel Olim.
Os direitos dos dadores
Uma das justificações dadas para que o sangue estivesse em risco de escassez absoluta foi o frio. Gabriel Olim sustenta essa tese. No entanto, há associações, como, por exemplo, a Associação de Dadores de Aveiro, que apontam o dedo ao facto de os dadores nem sempre serem respeitados. "Os equipamentos dos centros de saúde e dos hospitais não lêem os cartões dos dadores. Assim, o dador não volta", apontou Joaquim Carlos, daquele organismo.
Gabriel Olim confirma que os novos equipamentos, que lêem os cartões de utente, não lêem os cartões de dadores. "Obviamente que estamos a tentar inverter a situação", prometeu.
Confrontado, por último, com o facto de algumas pessoas não poderem dar sangue por serem homossexuais, Gabriel Olim remata simplesmente: "Nós gostaríamos que os homossexuais pudessem dar sangue. Será uma questão de tempo".