União Europeia continua a pressionar para obtenção de compromissos.
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A cimeira de Copenhaga sobre o clima pode mesmo terminar, hoje, sem qualquer acordo com compromissos sobre as alterações climáticas. A réstia de esperança está numa reunião forçada iniciada já à noite.
O "forcing", cujos contornos não são claros (os presidentes da França e do Brasil falam vagamente de um "chapéu político") foi desencadeado por Nicolas Sarkozy e por Inácio Lula da Silva, depois de se confirmar o que mais se receava: as negociações, na capital dinamarquesa, para 193 países chegarem a um novo acordo sobre o clima estavam "completamente bloqueadas", na expressão do secretário de Estado francês da Ecologia, Chantal Jouanno.
A meio da tarde, a União Europeia, que insiste que a cimeira deve terminar com compromissos nomeadamente para a redução de gases com efeito de estufa, disponibilizando-se para reduzir as suas próprias em 30% até 2020 e com um pacote financeiro de 4 400 milhões de euros de ajuda aos países subdesenvolvidos, exigiu uma reunião extraordinária ainda durante a noite.
O presidente brasileiro apresentou metas mais ambiciosas, ao declarar que a redução das emissões deve ser de 40% até 2020 e avisou que a cimeira "não é um jogo onde se possa esconder cartas na manga". "Se ficarmos à espera do lance dos nossos parceiros, podemos descobrir que é tarde de mais e que todos seremos perdedores", disse.
"Temos de aumentar a velocidade. Temos menos de 24 horas. Se continuarmos assim, será o fracasso. A Conferência de Copenhaga não pode ser uma sucessão de discursos que nunca se confrontam. Não estamos aqui para um colóquio sobre o aquecimento global, estamos aqui para tomar decisões", declarou o presidente francês à chegada à capital dinamarquesa, onde é aguardado hoje o seu homólogo norte-americano.
A Casa Branca espera que a presença de Barak Obama "seja útil" para a obtenção de um acordo, embora os Estados Unidos, tal como a China, estejam precisamente no centro das divergências, designadamente quanto ao pacote financeiro da discussão sobre a limitação de emissões de gases.
Um delegado do Sudão, país que preside ao chamado G77 (130 países em desenvolvimento), declarou "insuficiente" a participação norte-americana no fundo de ajuda a esses países designadamente para medidas de adaptação às alterações climáticas. A secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, prometera uma participação financeira não definida para o fundo global de 100 mil milhões de dólares por ano, até 2020, mas condicionou a sua concretização a "acções significativas" e verificáveis nos grandes países emergentes. A delegação dos EUA chegou mesmo a declarar preferir um resultado negativo a um mau acordo.
"Estados Unidos e China (que respondem por mais de metade total de emissões de gases com efeito de estufa) não podem iludir as suas responsabilidades. Esta deve ser uma cimeira para se lutar opor uma visão de longo prazo" e não "um debate entre capitalismo de Estado e capitalismo privado, entre quem tem petróleo e quem não produz petróleo", disse o primeiro-ministro espanhol, Jose Luiz Zapatero, cujo Estado assume em Janeiro a presidência da União Europeia.
*COM AGÊNCIAS