Sindicato da Construção afirma que as obras no túnel em Andorra "não tinham condições de segurança"
O presidente do Sindicato da Construção Civil do Norte disse hoje, domingo, que vários operários que trabalhavam nas obras do túnel de Andorra onde se registou um acidente no sábado lhe comunicaram que estas "não tinham condições de segurança".
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"Falei com operários que estão a trabalhar naquela obra, nossos associados, e estes disseram-me que aquilo não tinha condições de segurança", afirmou Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção Civil do Norte, à Lusa.
"Mesmo pelas imagens que pude observar houve negligência, não tenho dúvida nenhuma", acrescentou.
Cinco trabalhadores portugueses morreram e outros seis ficaram feridos no sábado quando ruiu a ponte exterior que liga a estrada principal à boca do túnel de Dos Valires, que une as localidades de Encamp e La Massana. As obras deveriam estar concluídas no próximo ano.
"Há três factores que podem provocar aquele acidente: pouco escoramento, os carros de avanço ou então as vigas de lançamento, que têm de ter umas cavilhas para suportar a carga. Ora como aquilo era uma carga muito grande, humana e não humana, não foram acauteladas as normas de segurança.
Disso não tenho dúvidas nenhumas", explicou o sindicalista. Confrontado pela Lusa com o facto de se tratar de uma grande obra pública adjudicada pelo Governo de Andorra, o mesmo responsável disse que "havia pressão para concluir os trabalhos".
"Morrer à segunda-feira não é humano, morrer ao sábado é ainda mais desumano. Estamos perante uma obra pública em que há pressão para ser concretizada. Não olham a meios para atingir os fins", afirmou Albano Ribeiro.
O dirigente sindical disse ainda que os trabalhadores portugueses em Espanha são conduzidos aos trabalhos mais perigosos.
"Nos últimos cinco anos, dos 40 trabalhadores que morreram na construção em Espanha – quinze morreram nas obras e os outros na estrada – sempre que há um grande acidente, quem morre são os trabalhadores da construção portugueses, não os espanhóis. Os espanhóis atiram os portugueses para os trabalhos de maior perigosidade", sublinhou.
"Estes, para ganhar mais 200 euros, perdem a vida", lamentou Albano Ribeiro, estimando em cerca de 35 a 40 mil os portugueses a trabalhar na construção civil em Espanha.
"Muitos deles em empresas portuguesas que operam em Espanha apenas com um telemóvel e uma carrinha", disse.