As taxas de suicídio, em Portugal, sofreram um "aumento brusco" a partir de 2001, disse o psiquiatra Francisco Alte da Veiga, ontem, sexta-feira, no âmbito do 1º Fórum "Boas Práticas na Saúde Mental", nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Um "fenómeno invulgar".
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De acordo com Francisco Alte da Veiga, os dados mais recentes, relativamente à evolução das taxas de suicídio em Portugal - que se estendem até 2008 -, dão conta de um "aumento brusco", uma "duplicação" das taxas de suicídio, sobretudo a partir de 2001. Dos cerca de 600 suicídios consumados, por ano, no final da década de 90, passou-se para perto de 1200.
Ultimamente, os valores estabilizaram, rondando os 900 suicídios consumados por ano, referiu o psiquiatra dos HUC e membro fundador da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, ao JN, após a sua intervenção, inserida no painel "A Morte e o Suicídio". Mas a evolução das taxas entre 2001 e 2008, reveladora de um "aumento tão marcado e súbito das taxas de suicídio", constitui, no dizer de Francisco Alte da Veiga, um "fenómeno invulgar".
Crise pode ter influenciado
Um "fenómeno que gerou algum espanto mesmo na comunidade internacional", como explicou Francisco Alte da Veiga, que chegou a receber "e-mails de colegas de outros países a perguntar o que se passava". Mesmo admitindo que "um maior rigor no registo dos óbitos pode ter levado a uma diminuição da subdeclaração do suicídio, nos últimos anos", o psiquiatra entende que "outros factores deverão ter contribuído para um aumento real das taxas".
Francisco Alte da Veiga considera que a "crise económica e social" pode ter tido influência, embora não possua dados que o sustentem. E clarifica: "O suicídio é um fenómeno multifactorial. Nunca há apenas uma variável que explique tudo".