A conferência de Copenhaga sobre alterações climáticas escapou hoje, sábado, por pouco, ao colapso ao validar o acordo alcançado na sexta-feira por três dezenas de países industrializados e emergentes, entre os quais os Estados Unidos e a China.
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A decisão foi tomada depois de uma sessão plenária que durou toda a noite, na qual um pequeno grupo de países tentou bloquear o acordo por não conter alvos específicos para as reduções das emissões de dióxido de carbono.
Após um intervalo, o presidente da conferência anunciou a opção de "tomar nota" do acordo, em vez da aprovação formal do documento.
Segundo os analistas, este procedimento abre caminho a que o acordo se torne operacional na prática mesmo sem ter sido formalmente aprovado pela conferência.
"O articulado é suficientemente forte para que ele se torne operacional", disse John Hay, porta-voz da convenção sobre as alterações climáticas da ONU.
Vários países em desenvolvimento, entre os quais a Bolívia, Cuba, Sudão e Venezuela, protestaram com veemência contra o acordo, considerando-o inaceitável por não prever alvos específicos para a redução das emissões de carbono.
É por consenso que as decisões são tomadas nas negociações da ONU sobre esta matéria.
Numa primeira reacção, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou que a validação do acordo pela conferência constitui uma primeira "etapa essencial", embora tenha ficado aquém da satisfação de todas as expectativas.
"Não é porventura tudo o que esperávamos, mas esta decisão da conferência das partes é uma etapa essencial", declarou aos jornalistas.
Por seu lado, o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Loekke Rasmussen, que presidiu à conferência, disse que o seu país se podia considerar "orgulhoso" do resultado alcançado.
"Fizemos a diferença, a Dinamarca pode estar orgulhosa" por ter conseguido "construir uma ponte histórica entre as partes nas negociações."
"Não creio que se possam encontrar exemplos na história em que, numa mesma sala, se tenha visto presidentes dos EUA, Brasil, África do Sul, Índia e chefes de Estado europeus e das pequenas ilhas mais ameaçadas pelo aquecimento do clima, fazerem um trabalho de grupo", sublinhou.
O objectivo traçado pelo acordo é limitar o aquecimento planetário a dois graus em relação aos níveis pré-industriais.
Prevê também um montante de 30 mil milhões de dólares a curto prazo (para 2010, 2011 e 2012), depois um aumento até 100 mil milhões de dólares até 2020, destinado aos países mais vulneráveis para os ajudar a adaptar-se aos impactos do desregulamento climático.