Durante todo o dia, foi associada ao mau tempo a morte de um idoso, em Carreira do Mato (Abrantes). Porém, nem os familiares nem os habitantes daquela aldeia isolada, sem eletricidade e telecomunicações, sabiam que se falava de Diamantino Silvério, de 85 anos, que tinha morrido durante o dia, mas de ataque cardíaco.
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"O meu avô morreu devido a problemas cardíacos. Mas o país está a falar da morte do meu avô? De um portão? Mas qual portão, estão a gozar?", a questão do neto de Diamantino Silvério, com alguns risos pelo meio, este sábado, pelas 17.30 horas, contradizia a versão de que o idoso teria sofrido um impacto de um portão projetado pelo vento, que lhe causou a morte, no número 1293, da Rua da Casinha.
O boato terá partido da forma como a morte ocorreu: "Ele caiu no meio da estrada, devido a uma quebra cardíaca, batendo com a cabeça. Os vizinhos trouxeram-no para junto da porta. Como se pode ver não há aqui nenhum portão partido ou que tenha voado com o vento, e o corpo já está na casa mortuária", afiançou outro familiar, que, como toda aquela aldeia localizada junto à Barragem de Castelo de Bode, não sabia que o antigo merceeiro estava a ser declarado como a única vítima mortal do temporal, que se abateu sobre território nacional. "Vamos agora sair de casa para chegar a um local onde haja comunicações para percebermos o que se passa", reforçou.
"Não aconteceu nada disso; pelo menos que se saiba aqui. Ele (o falecido) até já está a ser velado na Igreja. O senhor Diamantino morreu do coração. Mas se estão a dizer nas notícias que foi um portão, também devem saber coisas que não sabemos aqui, porque não temos luz", reforçou a proprietária do único café da aldeia, iluminado por um pequeno candeeiro a gás, perante a estupefação de outros moradores.
A declaração de óbito da médica de família do idoso confirma a versão da aldeia perdida na serra - "Causas naturais".
Ao JN, o comandante dos Bombeiros de Abrantes, António Manuel, confirma não só a versão da morte declarada pela delegada de saúde, como a dos familiares. "Quando chegámos a vítima tinha um ferimento na cabeça e estava junto a um portão. Daí, ter-se descrito tal ocorrência. Se a médica considerou morte natural, é assim que tem de ser declarada", afirmou.