Astrónomos detetaram e mediram um dos maiores buracos negros já descobertos através de uma nova técnica que deve revelar mais sobre estas regiões do universo que não permitem a emissão de luz devido ao seu enorme campo gravitacional.
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O buraco negro encontrado tem uma massa equivalente a mais de 30 milhões de vezes a do Sol, de acordo com um estudo publicado esta semana na revista científica "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".
É o primeiro cujas características são observadas pela técnica de deteção por lentes gravitacionais. Este fenómeno é causado pela distorção do espaço-tempo por um objeto tão massivo - uma galáxia ou um buraco negro supermassivo - que é capaz de deformar a luz de estrelas e galáxias. Mas, embora uma galáxia possa ser observada, não é o caso de um buraco negro, pois, devido à sua densidade, nem mesmo a luz consegue escapar dele, o que o torna invisível.
Segundo o autor do estudo, James Nightingale, astrónomo da Universidade de Durham, os investigadores tiveram "muita sorte". Foi possível observar a luz de uma galáxia cuja trajetória foi desviada em cerca de dois mil milhões de anos-luz, confirmando a presença de um buraco negro com gravidade gigantesca e invisível entre a galáxia e a Terra.
Acredita-se que a maioria das galáxias tenha um buraco negro no seu centro. Porém, até agora, para detetar sua presença, era necessário observar as emissões de energia produzidas ao absorver materiais ao seu redor ou acompanhar a sua influência na trajetória das estrelas que o orbitam.
Estas observações confirmam e explicam a análise feita por Alastair Edge, astrónomo da Universidade de Durham e colega de Nightingale, há 18 anos, quando suspeitava da presença de um buraco negro no centro da galáxia Abell 1201.
A missão Euclides da Agência Espacial Europeia, prevista para julho, dará início a uma nova era de caçadores de buracos negros, criando um mapa de alta resolução de parte do universo. De acordo com o cientista, ao longo de seis anos de observação, a missão pode ser capaz de detetar até 100 mil lentes gravitacionais, incluindo potencialmente vários milhares de buracos negros.