<b> O JN esteve à conversa com os mais populares inventores do momento (para os europeus, pelo menos). A dupla japonesa vencedora do prémio do público, no "European Inventor Award", e que viu o QR Code atingir fama mundial por "acidente", confessa que ainda há muito para explorar neste campo mas que o QR Code atual pode ter os dias contados. </b>
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Antes mesmo de se saber que iriam sair vencedores na categoria de pioneiros mais populares entre os europeus, Masahiro Hara e Takayuki Nagaya, inventores do QR Code, já causavam rebuliço no KPM, uma antiga fábrica de porcelanas, convertida em espaço de exposições e eventos. De pose humilde e meio envergonhada, Hara e Nagaya bem tentavam passar despercebidos, mas iam sendo assediados pelos jornalistas presentes na cerimónia que precedeu os "European Inventor Award", a quem respondiam por intermédio de uma tradutora e entre muitos risos tímidos.
Esta não é, afinal de contas, uma fama propositada. "Tudo começou porque, há uns anos, usávamos códigos de barras para etiquetar material para distribuição e nas fábricas. O código de barras começou a ser ineficaz, porque era muito limitado na informação que podia conter. Então começamos a tentar expandir a capacidade do código de barras. Chegamos mesmo a colar dez códigos uns ao lado dos outros, a ver se melhorava", riam-se.
Da experiência resultou a certeza de que o sistema precisava de mudar. "O código de barras simplesmente não funcionava... e juntar muitos e lê-los demorava muito tempo. Era bastante complexo. Foi aí que nos apercebemos que havia, realmente, a necessidade de ter um código que suportasse mais informação", garante Hara.
O novo código, que demorou "ano e meio" a desenvolver, rapidamente ganhou adeptos no Japão, ainda nos anos 90. A "fama" de que agora goza, essa só chegaria mais tarde. "Quando estávamos a fazer o trabalho de desenvolvimento, nunca pensamos que iria atingir estas proporções. Só uns dez anos depois, quando se tornou popular no Japão, é que começamos a pensar que, se calhar, isto se ia espalhar pelo mundo".
Mas o caminho do QR Code, agora universalmente aceite, ainda está longe de terminar... isto é, se houver inovação. De outra forma, entendem, o código pode desaparecer na próxima década. "Para dizer a verdade, o QR Code poderá durar mais uns dez anos, mas terá de haver mais desenvolvimento na área de processamento de imagem".
Outra área a ter em conta é a segurança, onde já se dão alguns passos. "Já temos QR Codes que conseguem distinguir que informação queremos partilhar com toda a gente e que informação é confidencial. Isso já é possível. Já é possível ter informação pública e informação privada dentro do mesmo QR Code", adiantam.
No futuro, também esperam "conseguir fugir deste código, imprimido em papel", deixando, de "alguma forma" (ainda indistinta) o lado "físico" do QR Code. "É uma ideia que tenho presente na minha cabeça há já algum tempo", confessa Hara.