<p>Cientistas europeus, de um projecto em que participam dois centros de pesquisa portugueses, estão empenhados em modificar porcos geneticamente. Pretendem obter compatibilidade com os humanos para que órgãos e tecidos daqueles animais sejam transplantados.</p>
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Animais que nos chegam ao prato podem ter "peças" úteis para salvar vidas humanas. Rins, corações e outros tecidos poderão, no futuro, ser transplantados de porcos para pessoas. Falta um grande passo: que os cientistas encontrem modo de "criar" suínos modificados no que toca à compatibilidade, garantindo que não há rejeição do novo órgão por parte do receptor.
Cientistas europeus já tinham trabalhado neste campo, mas o corte de apoios fez cessar projectos, com os autores a emigrarem para os EUA e os centros em que trabalhavam a vender ao desbarato patentes ligadas às pesquisas. Desde 2005, porém, a UE deu novo impulso à área e foi criado o Projecto Xenome, com 22 instituições de 11 países. Portugal está aí a trabalhar com o grupo de Miguel Soares (especialista em processos inflamatórios, do Instituto Gulbenkian de Ciência) e de Guilherme de Oliveira, do Centro de Direito Biomédico, de Coimbra.
Ontem, segunda-feira, peritos dos 11 grupos estiveram reunidos em Portugal e deram conta, em sessão pública, do avanço do projecto. O problema da rejeição dos órgãos é o de maior grandeza. Para já, os cientistas crêem que a melhor forma de criar histocompatibilidade é modificar porcos por engenharia genética. Os cientistas terão que identificar os genes que controlam a infecção e a coagulação, factores que mais influem na rejeição dos órgãos em transplantes do porco para primatas.