Pedido de socorro ecoou no mar e menina de 11 anos escapou à morte no Mediterrâneo
Foram os gritos de socorro que salvaram a única sobrevivente de um naufrágio no Mediterrâneo, ao largo de Lampedusa, em Itália, na madrugada de ontem. Com 11 anos, viu 44 pessoas desaparecerem na água enquanto usava um colete salva-vidas e se agarrava a duas câmaras de ar, para se manter à tona durante três dias.
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O pedido de ajuda chegou aos ouvidos dos elementos do CompassCollective, uma ONG dedicada a apoiar migrantes, cuja equipa se dirigia para outro salvamento no Mediterrâneo. Segundo contou depois à equipa que a salvou e entregou às autoridade italianas, em Lampedusa, a menina, da Serra Leoa, partiu numa pequena embarcação de Sfax, na Tunísia. Mas o grupo enfrentou uma tempestade com ondas até três metros e meio e o barco naufragou, relata a BBC. Foram apenas alguns segundos e só ela e mais duas pessoas conseguiram manter-se juntas a flutuar, mas pouco depois a menina ficou sozinha.
“Presumimos que ela é a única sobrevivente do naufrágio e que as outras 44 pessoas se afogaram”, afirma, em comunicado, o CompassCollective. “A menina não tinha água potável nem comida com ela e estava em hipotermia, mas reativa e orientada”, explica. Já em solo italiano, foi levada de emergência para o hospital e, depois, para um centro de migrantes coordenado pela Cruz Vermelha.
Pelo menos 618 pessoas morreram e 918 foram dadas como desaparecidas até ao dia sete de dezembro deste ano, no Mediterrâneo central, um dos canais mais utilizados para a migração ilegal para Itália e Europa, divulgou ontem a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No mesmo período, especificou a agência da ONU, foram devolvidos à Líbia 20.894 migrantes intercetados no mar, dos quais 18.180 eram homens, 1500 mulheres, 688 menores e 526 pessoas para as quais não existem dados de género disponíveis.
Os números de mortes na região aumentam quase diariamente e já esta quinta-feira soube-se que nove migrantes morreram e outros seis estão desaparecidos, depois de o barco em que seguiam se ter afundado ao largo da costa da Tunísia, numa tentativa de chegar à Europa, revela a AFP. Segundo o testemunho de 27 outros migrantes resgatados pela guarda costeira tunisina, um total de 42 pessoas estavam a bordo do barco, que deixou a área de Jebeniana na noite de terça-feira, disse o porta-voz dos tribunais de Monastir e Mahdia, Farid Ben Jha.