Munida dos mais avançados equipamentos tecnológicos, capazes de abrir qualquer viatura, uma rede, composta por 21 pessoas, alimentou durante anos o mercado paralelo de peças para automóveis, em todo o país. A PSP desmantelou o grupo e deteve três pessoas.
Corpo do artigo
A operação “Black out”, da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP do Porto, permitiu a apreensão de dois aparelhos “desbloqueadores” de viaturas. Um deles até surpreendeu os investigadores por utilizar tecnologia sem fio. O dispositivo é capaz de se ligar à centralina da viatura para a abrir, desbloquear o alarme e colocar o carro a trabalhar. Além disso, também permite criar uma chave fraudulenta. “Já tínhamos ouvido falar deste tipo de aparelhos, mas é a primeira vez que apreendemos um”, adiantou, ao JN, o Intendente Rui Mendes, da DIC.
O outro dispositivo já é mais tradicional. Também é capaz de desbloquear as viaturas mas tem de ser ligado manualmente à uma ficha eletrónica do carro. Além dos dispositivos, a PSP também apreendeu localizadores GPS que eram usados pelos arguidos para “marcar” os carros que queria furtar. Ao todo, foram recuperados 26 automóveis, inúmeras peças e 54 mil euros.
“É um grupo organizado que se dedicava ao furto de veículos essencialmente para os desmantelar e vender as peças. Detivemos três pessoas que já são conhecidas pelos mesmo tipo de crime. Furtavam principalmente carros de gama média, que têm uma grande procura de peças”, revelou o comissário Pedro Moreira, que liderou a investigação.
Foram realizadas, pelo menos, 40 buscas em oficinas, lojas de peças de automóveis e stands, nas zonas do Porto, Lisboa, Viana do Castelo, Coimbra, Santarém e em Braga, onde vivem os principais arguidos.
O inquérito, titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto, começou há mais de um ano e meio e tem indícios que a rede furtava carros para os desmantelar e vender as peças no mercado paralelo. Os suspeitos também adquiriam salvados para os “reconstruir” com peças furtadas ou para trocar os elementos de identificação e vendê-los em stands.
Os três suspeitos serão levados, esta quinta-feira, ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto para o primeiro interrogatório.