O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, disse, esta manhã, em Bragança, que “é preciso deixar de dar muito lastro” aos argumentos do líder parlamentar da AD, Hugo Soares, sobre uma “nova aliança [do PS] com o Chega”, relacionados com a proposta socialista de redução do IRS aprovada no parlamento.
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“O Chega absteve-se nas propostas do PSD e nas do PS e nós não andamos a negociar com o Chega, ponto número um. A Iniciativa Liberal votou a favor das propostas do PSD e nas do PS. O que há de diferente é que a esquerda votou contra o governo e a favor das do PS e é por isso que a proposta socialista passou. O Chega absteve-se na votação na do PS e na do PSD. Nós não determinamos o sentido de voto dos parlamentares, nem deixamos de apresentar as nossas propostas porque há o risco de elas serem aprovadas”, esclareceu Pedro Nuno Santos, quando questionado pelos jornalistas durante a caravana das Europeias que fez uma arruada pelo centro histórico de Bragança.
Para o líder da oposição, “é muito importante esclarecer estas questões”. A proposta do Governo “era injusta do ponto de vista social”, sublinhou, dizendo que “era como se fosse um bolo em que metade é entregue a uma pessoa e a outra metade aos outros nove". "Era uma proposta injusta e não podia ter o nosso apoio. O PS fez outras propostas para ver se podíamos chegar a um acordo para haver entendimento com o PSD, mas isso não foi possível e a nossa proposta passou, achamos que é mais justa socialmente e isso é bom, do que a da AD”, defendeu Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral dos socialistas recomendou ainda ao Governo “que dialogue mais e negocie mais". "O que temos visto é o primeiro-ministro dizer que não há falta de diálogo, mas há”, defendeu, acrescentando que isso está patente “no facto de o Governo aprovar a maior parte das propostas em Conselho de Ministros, mesmo aquelas em que há dúvidas e tenham de ir ao parlamento".
"O Governo tem ostensivamente evitado o Parlamento e evitado a necessária negociação parlamentar” em diversas matérias, nomeadamente na emigração, sunblinhou, vincando que a AD “tem aprovado propostas sem apresentar o custo orçamental ao país", o que considerou ser "estranho”.
Ainda sobre a proposta de descida do IRS, Pedro Nuno Santos disse que “não houve entendimento” com o Governo porque este “ainda não percebeu e não quer admitir que tem um número de deputados igual ao do PS, e que isso implica cedência na democracia parlamentar, porque quando os governos não têm maioria absoluta não conseguem impor a sua posição”.
Além disso, no seu entender, a proposta do Governo “era injusta” e, por isso, não foi possível chegar a entendimento. “Numa poupança fiscal de 348 milhões de euros, metade dessa poupança fiscal dirige-se para os 10% que ganham mais. Isto não é aceitável para o Partido Socialista”.