O primeiro-ministro defendeu, esta quarta-feira, a propósito da manifestação não autorizada dos bombeiros profissionais na terça-feira, que “o Governo não vai decidir na base de coação”.
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“É preciso que todos tenham noção de que o Governo não vai decidir nunca na base de coação, nem vai decidir nunca na base daqueles que pretendem ir muito além das nossas possibilidades e daquilo que nós estamos a oferecer a outras carreiras similares da administração pública”, afirmou Luís Montenegro.
Falando em Celorico de Basto, no distrito de Braga, onde hoje inaugurou um equipamento de saúde, o chefe do executivo acentuou que o Governo não será complacente “com violações das regras do Estado de direito”, nem com a “reivindicação desmedida de situações de injustiça relativa ou de desequilíbrio”.
Montenegro avançou aos jornalistas que jamais ultrapassará os limites daquilo que é aceitável nos valores de justiça relativa dentro da administração pública.
“Não há ninguém que me vá demover disto, faça o que fizer na rua, disso podem ter a certeza absoluta”, acrescentou, anotando que o Governo está a “olhar para todos os portugueses, não está a olhar para nenhuma franja em particular”.
Novas ações de luta
A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) agendou hoje uma reunião do conselho geral para o dia 20 de dezembro, para discutir ações de luta reivindicativas.
"Embora a ANBP acredite na boa-fé das negociações, fica claro que, caso o Governo não demonstre abertura para dialogar e reiniciar o processo negocial que suspendeu, serão tomadas medidas públicas e reivindicativas", lê-se nas conclusões do conselho geral de hoje.
O dia 20 de dezembro coincide com a "data da última reunião negocial, que estava agendada anteriormente entre os sindicatos e o Governo", recorda a ANBP.
"Se, entretanto, não houver avanços no processo negocial, a ANBP vai definir novas ações de luta", refere ainda.
A reunião de hoje foi agendada na sequência da suspensão das negociações, decretada na terça-feira pelo Governo, depois de uma manifestação não autorizada de bombeiros sapadores ter utilizado petardos numa ação de protesto junto ao edifício-sede do executivo.
O presidente da ANBP, Fernando Curto, recordou que há "uma revolta natural nos bombeiros" pela falta de resposta do Governo.
"Tenho para mim que o Governo sabe que os sindicatos têm razão na maior parte das propostas que estamos a apresentar", afirmou Fernando Curto, mostrando-se convicto de um regresso à mesa negocial.
"Não acredito [no fim do processo], porque acho que o Governo tem obrigação de reiniciar as negociações", afirmou, embora ameace com posições mais enérgicas.
“Se as coisas não correrem bem, o Governo não estará à espera que a gente passe o Natal descansados”, avisou, prometendo uma reunião de todos os bombeiros sapadores após o conselho geral de 20 de dezembro e o agendamento de ações de luta, “sempre no que é razoável” e no respeito da lei.