Manifestação antifascista este sábado no Porto: quase 30 coletivos apelam à mobilização popular
Mais de duas dezenas de organizações convocam a sociedade civil para uma manifestação antifascista, no próximo sábado, no Campo 24 de Agosto, no Porto.
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A concentração, que terá lugar pelas 15 horas, na zona do Campo 24 de Agosto, centro da cidade, é convocada por 28 coletivos sociais, entre os quais estão movimentos antifascistas e antirracistas, feministas, da comunidade LGBTQIA+, de defesa da Habitação e de apoio à causa palestiniana, que assinam em conjunto uma carta aberta, divulgada esta quinta-feira.
"No ano em que o 25 de Abril comemora 50 anos, num país que sempre teve filhos e netos emigrantes, é preocupante o crescimento de grupos racistas e xenófobos, que estigmatizam quem procura melhores condições de vida. A liberdade de expressão não pode ser capturada pelo ódio, pela mentira e pelo afastamento do outro, mas deve ser utilizada para fortalecer todos os pilares de uma comunidade composta por diversas culturas", defende a missiva.
"É nesse sentido que te convidamos, desafiamos, instamos a estares presente numa manifestação contra o ódio e contra o fascismo, pela segurança de todas as pessoas, que acontecerá no dia 23 de novembro de 2024, no Porto - 'Contra o fascismo, somos mais!'", apelam os coletivos. A manifestação surge em resposta a uma ação convocada pelo Chega e movimentos de extrema-direita, também para sábado, sob o mote "não à insegurança, não à imigração", que terá lugar na Praça do Marquês de Pombal, no Porto.
A carta aberta - denominada "Para enfrentar os privilégios: não desmobilizamos contra o racismo e a xenofobia" - exige a reposição da "manifestação de interesse para que todas as pessoas tenham direito à regularização", o "fim imediato da classificação de Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS), que servem para justificar o policiamento racista e xenófobo" e que a criminalização do racismo "não sirva apenas como agravante noutros crimes ou como contra-ordenação".
Crimes de ódio aumentaram quase 40%
Lembrando que, em 2023, os crimes de ódio subiram 38% em Portugal, segundo dados recolhidos junto das forças de segurança, os coletivos afirmam que os "culpados das crises" que afetam os cidadãos portugueses são quem os "explora" e "quem legisla" permitindo essa exploração, seja através da renda e da especulação imobiliária, do agravamento das condições de trabalho, da degradação do acesso à saúde e à educação e no aumento do custo dos bens essenciais que sustentam lucros astronómicos. "Quem nos explora não são os imigrantes", assevera a associação Habitação Hoje numa nota que acompanha a cara aberta.