PSD acusa PS de atuar contra a classe média e Chega de ser muleta dos socialistas
O PSD acusou esta quarta-feira o PS de atuar contra a classe média ao chumbar a proposta social-democrata de redução do IRS até ao oitavo escalão de rendimentos e o Chega de ser "muleta" dos socialistas no parlamento. O partido de André Ventura diz que "governo devia chorar menos e governar mais".
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Perante os jornalistas, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Hugo Soares, considerou também "desonesto" que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirme que a proposta dos sociais-democratas não baixaria o IRS dos escalões de rendimentos mais baixos e afirmou mesmo que a palavra do presidente do Chega, André Ventura, "vale cada vez menos".
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD referiu que o Governo, "logo nos primeiros 15 dias de governação, propôs ao parlamento uma redução de IRS que continuava a baixar os impostos dos escalões mais baixos, mas que corrigia a injustiça em relação à classe média".
"Este processo culminou hoje com a desistência clara da classe média por parte do PS, mas já desconfiávamos que o PS tem um cúmplice contra a classe média e para bloquear a governação: O Chega. O Chega, que tantas vezes brada contra o socialismo, é a muleta do PS no parlamento para aprovar as propostas do PS contra as propostas do Governo, do PSD e do CDS-PP", advogou o líder da bancada social-democrata.
Na questão da redução do IRS, Hugo Soares insistiu que o PSD pretendeu baixar os impostos das pessoas com menores rendimentos, "mas também quis baixar os impostos da classe média". "Por isso, é desonesto aquilo que o secretário-geral do PS tem vindo a afirmar, dizendo que nós não queremos baixar os impostos dos escalões mais baixos", contrapôs.
No plano político, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD sustentou que hoje "se verificou não uma derrota do Governo, mas uma derrota da classe média em Portugal". E fez depois uma série de acusações diretas à atuação política do presidente do Chega, André Ventura. "Como é que os eleitores que votaram no Chega, tendo como pressuposto um combate ao socialismo, hoje se podem sentir? Como se sentem os eleitores que votaram no Chega em nome da necessidade da derrota do PS e hoje percebem que o Chega se aliou ao PS num ataque à classe média?", perguntou.
Depois, Hugo Soares tirou uma conclusão: "A palavra de André Ventura, com toda a franqueza, vale cada vez menos".
Para fundamentar a sua opinião, o líder da bancada social-democrata recorreu a um exemplo de uma negociação que envolveu o líder do Chega a propósito da redução do IRS. "Desta vez, não foi aquilo que se disse nos corredores do parlamento ou nas comissões, mas aquilo que se negoceia entre grupos parlamentares. André Ventura fez um repto em que disse que se PSD e CDS-PP igualassem a proposta do Chega nos segundo e terceiro escalões de rendimentos acompanharia a votação da AD (Aliança Democrática). Fizemos esse esforço de negociação, de aproximação, mas a palavra de André Ventura valeu zero", salientou.
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD avançou depois com uma explicação para este comportamento do presidente do Chega, dizendo que, apesar de André Ventura "encher a boca a falar de tachos", está a fazer "uma birra".
André Ventura "queria estar no Governo e, como não está, decide tentar governar com o PS a partir do parlamento", acrescentou.
"Governo devia chorar menos e governar mais"
O líder do Chega aconselhou ao Governo "chorar menos e governar mais" e justificou a viabilização da proposta do PS sobre IRS por querer baixar impostos às pessoas, "independentemente de ser o partido A ou partido B".
Sobre as críticas do PSD e do CDS-PP, que acusaram o Chega de ser "muleta" do PS no parlamento e de estar a formar-se uma "Cheringonça", André Ventura considerou tratar-se de "choradeira" destes dois partidos. "O Governo devia chorar menos e governar mais, porque era assim que tínhamos evitado esta situação toda", defendeu.
André Ventura falava aos jornalistas à margem de uma ação de campanha para as eleições europeias, em Santa Maria da Feira (distrito de Aveiro). "Nós sempre fizemos política desta forma, é independentemente de ser o partido A ou o partido B, nós queremos é baixar os impostos às pessoas. [...] É assim na política, nós queremos propostas que beneficiem os portugueses, venham do PS, da Iniciativa Liberal, ou do PSD", sustentou.
O presidente do Chega indicou que o seu partido olha "para as propostas e não para os parceiros" e vota "pelas pessoas".
André Ventura classificou também a proposta de PSD e CDS-PP como "anacrónica" e defendeu que foi o Chega que "permitiu que haja um desconto real, e não os dois cafés, ou os três cafés que a AD queria dar".
O líder alegou igualmente que o Chega é o "grande responsável pela descida dos impostos em Portugal".