Empresa de helicóptero que caiu no rio Hudson teve outros dois acidentes nos últimos 12 anos
Na quinta-feira, um helicóptero que transportava uma família de turistas despenhou-se no rio Hudson, em Nova Iorque. As seis pessoas a bordo morreram. A New York Helicopter Tours, empresa que oferece voos turísticos sobre a Big Apple, já teve outros dois acidentes aéreos graves nos últimos 12 anos.
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O mais recente acidente ocorreu esta quinta-feira, pelas 15.15 horas (20.15 horas em Portugal continental). O helicóptero Bell 206 tinha saído do centro da cidade de Nova Iorque. Terá sobrevoado a Ilha dos Governadores, a Estátua da Liberdade e subiu o rio Hudson ao longo da zona ocidental de Manhattan, antes de inverter a direção a seguir à ponte George Washington. O voo terá durado cerca de 15 minutos.
No entanto, o helicóptero despenhou-se no rio Hudson, causando a morte de uma família de turistas espanhola. Entre as vítimas estão o diretor executivo para Espanha da multinacional alemã Siemens, Agustín Escobar, a mulher Mercè Camprubí Montal, gerente de uma empresa ligada à tecnologia na área da energia, os três filhos, de quatro, cinco e 11 anos e o piloto. Mercè Montal era, de acordo com o jornal "El Español", neta e bisneta dos ex-presidentes do Barcelona Agustí Montal, pai e filho.
As possíveis causas do acidente não foram reveladas, mas agências como a "Associated Press" (AP) divulgaram depoimentos de testemunhas que viram a queda da aeronave. Bruce Wall disse ter visto o helicóptero "despedaçar-se" em pleno voo, com a cauda e o rotor principal a desprenderem-se. O rotor principal continuou a rodar, separado do helicóptero, enquanto este caía. Já Dani Horbiak estava em casa quando ouviu o que parecia ser "uma série de tiros, quase, no ar". Olhou pela janela e viu várias partes do helicóptero a caírem na água. Por sua vez, Lesly Camacho, que trabalha num restaurante à beira do rio em Hoboken, afirma que o helicóptero perdeu o controlo e "libertou muito fumo" antes de cair à água.
Acidentes em 2013 e 2015
Esta não é a primeira vez que a empresa sofre falhas de segurança. Segundo o jornal norte-americano "The New York Times", as aeronaves da empresa sofreram dois acidentes aéreos nos últimos 12 anos.
Em 2013, uma família de quatro turistas suecos passeava numa manhã de domingo de junho, num helicóptero vermelho Bell 206 que descolou de um heliporto perto de Wall Street. No entanto, durante o passeio turístico, a aeronave perdeu energia de repente e teve de fazer uma aterragem de emergência no rio Hudson, perto do Upper West Side de Manhattan. Todos os quatro passageiros foram levados para o hospital, mas não houve ferimentos graves.
À época, o proprietário da empresa, Michael Roth, disse ao "The Wall Street Journal" que "não fazia ideia do motivo da perda de energia", acrescentando que o helicóptero era submetido a inspeções diárias de rotina.
Já o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes concluiu que um erro de manutenção e uma anormalidade na lubrificação do motor causaram o apagão.
Dois anos depois, em 2015, outro dos helicópteros da empresa caiu enquanto pairava a cerca de seis metros acima do solo após a descolagem no norte de Nova Jérsia. Nesse incidente, o piloto relatou que o helicóptero começou a rodar descontroladamente antes de fazer uma "aterragem forçada", conseguindo evitar fatalidades.
A investigação a este segundo incidente determinou que a mesma aeronave já tinha estado envolvida noutra aterragem forçada no Chile em 2010. Um relatório do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) revelou que tinha sido equipada com um veio de transmissão, uma peça do sistema de transmissão de um veículo que transmite a potência do motor às rodas, "incapaz de voar". Segundo a investigação, o veio de transmissão defeituoso tinha sido pintado pelo proprietário anterior, tornando impossível determinar se fazia parte do helicóptero durante a aterragem forçada.
Os investigadores concluíram que a causa provável do acidente foi a "ocultação e reutilização deliberadas" do componente defeituoso "por pessoal desconhecido".
Outros acidentes em Nova Iorque
Pelo menos 38 pessoas morreram em acidentes de helicóptero na cidade de Nova Iorque desde 1977, ano em que um incidente na pista de aterragem de um arranha-céus levou a cidade a começar a impor restrições sobre o local onde os helicópteros poderiam aterrar, de acordo com a AP, que divulgou os episódios mais recentes.
Em 2018, cinco pessoas morreram afogadas quando um helicóptero que oferecia voos de “portas abertas” se despenhou no East River. O piloto sobreviveu. No ano seguinte, um helicóptero despenhou-se no rio Hudson e afundou-se. O piloto também conseguiu sair ileso desse acidente. No mesmo ano, um helicóptero utilizado para viagens executivas embateu no telhado de um arranha-céus em Manhattan, num espaço aéreo restrito. O piloto morreu.
Dois anos depois, em 2021, um helicóptero sofreu danos significativos durante uma aterragem forçada num heliporto em Manhattan. O piloto e o copiloto não sofreram ferimentos.