A UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) divulgou, esta quarta-feira, no Porto, os nomes das 681 mulheres assassinadas desde 2004, data em que foi fundada. Uma oportunidade para defender que "o Estado tem que criar respostas e a Justiça deve ser mais célere" na defesa das vítimas.
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No átrio da Junta de Freguesia do Bonfim 681 tarjas, penduradas do teto, recordam o nome, a idade, o local onde foram mortas e, nalguns casos, quem as assassinou, numa homenagem às vítimas que assinala, também, os 20 anos de trabalho da UMAR.
Cátia Pontedeira, da UMAR, assinala "há uma prevalência muito grande também de relações já terminadas" nos crimes, motivados pela não aceitação do fim do relacionamento ou de "ciúmes por uma nova relação da vítima".
Comportamentos irracionais que "têm a ver com as questões de poder e de controlo associadas a relacionamentos abusivos. E, na maior parte dos casos, são os homens que têm esta necessidade de controlar e de ter o poder sobre o relacionamento. Isso implica também sentir o poder sobre aquela pessoa", considerou Cátia Pontedeira.
Por seu lado, para Raquel Teles, responsável pelo Centro de Atendimento e Acompanhamento a Vítimas de Violência Sexual da UMAR , "o Estado tem que criar novas respostas, para que estas mulheres fiquem em segurança" e a sua integridade física "seja salvaguardada".
"A Justiça tem de ser mais célere porque, nestes casos, o tempo urge e faz toda a diferença na vida destas mulheres e as medidas de coação têm de ser revistas. Não faz sentido que, para a proteção das vítimas, tenham de ser elas a sair de casa", considerou.
Raquel Teles destacou, ainda, a metodologia seguida pela UMAR no atendimento às vítimas, que começa por uma avaliação do risco. Se ele for considerado elevado, o atendimento é imediato, sendo contactadas as autoridades.
"Caso não seja, agendamos e fazemos a avaliação da situação e fazemos um plano de segurança, com um levantamento das necessidades da mulher que nos procura. É, depois, encaminhada para diferentes valências ao nível social, psicológico e jurídico. Queremos a mulher que nos procura, saia o mais informada possível", concluiu Raquel Teles.
A UMAR recorda que existem outros serviços de apoio e atendimento a vítimas gratuitos e confidenciais, prestados por outras organizações e até municípios.