Donald Trump acusou, na terça-feira, o ex-presidente democrata Barack Obama de "traição" e de tentar um "golpe de Estado", numa aparente tentativa de desviar a atenção da tempestade política que abala a Casa Branca por causa do caso Jeffrey Epstein.
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O republicano acusa Obama, que governou de 2009 a 2017, e Hillary Clinton, a candidata democrata que derrotou nas eleições presidenciais de 2016, de espalharem informações falsas para desmoralizá-lo em relação à possível interferência russa na campanha que o levou pela primeira vez à presidência.
Nesta terça-feira, ao receber o presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., na Casa Branca, jornalistas fizeram perguntas a Trump sobre o caso Jeffrey Epstein, o rico empresário encontrado morto na prisão em 2019 antes de ser julgado por crimes sexuais.
"Não acompanho isso de perto", respondeu Trump, acusado por alguns dos seus próprios simpatizantes de não cumprir a promessa de esclarecer o caso Epstein e de tentar proteger as elites envolvidas.
Em seguida, Trump atacou verbalmente Obama com veemência. "A caça às bruxas sobre a qual deveriam estar a falar" é a de Obama, declarou, acrescentado que Obama tentou "roubar" as eleições de 2016. "Obama liderou um golpe de Estado", disse.
Trump, criticado por partilhar um vídeo falso gerado por inteligência artificial em que Obama aparece preso, vestindo o uniforme laranja de recluso, também apontou o dedo para outras altas autoridades. Denunciou o então vice-presidente de Obama, Joe Biden, e os ex-diretores do FBI, James Comey, da informação nacional, James Clapper, e da CIA, John Brennan e disse que todos faziam parte de uma conspiração. Porém, o "líder da quadrilha" era Obama, que seria "culpado" de "traição", acrescentou.
Um porta-voz de Obama classificou a afirmação como "indignante" e como uma tentativa "ridícula e fraca de distração".
A acusação de golpe de Estado contradiz múltiplas investigações oficiais, mas encontra eco na base de ultra direita de Trump.
Na sexta-feira, a diretora de informação nacional, Tulsi Gabbard, pediu que altos funcionários do governo Obama sejam processados por "conspiração".
O escândalo Epstein está a cobrar o seu preço a Trump, enquanto o governo norte-americano tenta resistir à crise política.
O vice-procurador-geral anunciou, na terça-feira, que vai reunir-se "nos próximos dias" com Ghislaine Maxwell, ex-parceira de Epstein, condenada em 2022 a 20 anos de prisão por tráfico sexual, acusada de recrutar menores de idade para exploração sexual entre 1994 e 2004.
Segundo o vice-procurador-geral Todd Blanche, o FBI reviu as provas contra Epstein e não encontrou nada "que justificasse uma investigação contra terceiros não acusados". No entanto, se Ghislaine Maxwell "tiver informações sobre alguém que cometeu crimes contra as vítimas, o FBI e o Departamento de Justiça ouvirão o que tiver a dizer", garantiu.
O caso Jeffrey Epstein teve uma reviravolta no dia 7 de julho, data em que o governo norte-americano afirmou que não há provas da existência de uma lista secreta de clientes do amigo, o que provocou uma enxurrada de mensagens furiosas nas redes sociais vindas mesmo dos seus próprios apoiantes. Irritado com a incapacidade de conter os protestos dentro do próprio campo político, Trump acusou, na semana passada, "alguns republicanos estúpidos e idiotas" de estarem a colaborar com os oponentes democratas.
Além disso, entrou com um processo por difamação contra o jornal “The Wall Street Journal”, após a publicação de um artigo que lhe atribuía uma carta lasciva supostamente enviada a Epstein por ocasião do seu aniversário.
Trump conhecia Epstein, já que ambos faziam parte da alta sociedade nova-iorquina, mas não há provas de que estivesse envolvido em crimes relacionados com o multimilionário.