Cruz Vermelha fecha lares em Beja e deixa trabalhadores no desemprego e utentes sem solução
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) confirmou, esta sexta-feira, que vai fechar, até 31 de julho, duas Estruturas Residenciais para Idosos (ERPIs) em Beja, atirando para o desemprego cerca de duas dezenas e meia de trabalhadores. Há 37 dos 57 utentes das duas ERPIs sem solução à vista.
Corpo do artigo
No passado dia 17 de janeiro, o JN avançou que a CVP iria fechar as residências situadas no Centro Histórico de Beja - as Casas de Repouso José António Marques e Henry Dunant. A última foi criada em 1998 e ficou com o nome do fundador mundial da instituição.
A situação foi comunicada aos trabalhadores na manhã desta sexta-feira, por António Saraiva, presidente da Direção da Cruz Vermelha, e durante a tarde serão informados os familiares dos utentes.
Em comunicado, a Direção Nacional da CVP informou que “tomou a decisão de encerrar até 31 de julho as duas casas de repouso”, justificando que “por imposição do senhorio, não é possível realizar melhoramentos funcionais que permitam inverter a situação”.
No documento, a Cruz Vermelha refere também que dada a “impossibilidade de recolocar os funcionários, noutras respostas, a instituição avançara com a cessação dos contratos de trabalho”, assegurando que “ficará garantido o acesso a todos os direitos legais aplicáveis”, e que estão a ser feitos contactos com outros empregadores “para encontrar soluções para o maior número possível de trabalhadores”.
No início do ano, quando a notícia do JN trouxe a público a gravidade da situação, as duas casas de repouso tinham 57 utentes, justificando agora a Cruz Vermelha que “dadas as vagas disponibilizadas pela Segurança Social, foi possível colocar 11 utentes em outros equipamentos e outras nove pessoas saíram por iniciática própria. A CVP continua a procurar a melhor solução para as 37 pessoas que ainda se mantêm nestas ERPIs”.
Pelo caminho, fica um investimento ruinoso de quase dois milhões de euros feito pela Cruz Vermelha em obras e rendas no chamado “Edifício Refer”, arrendado a 29 de novembro de 2012 às Infraestruturas de Portugal, para ali edificar um lar, que substituísse as duas casas de repouso que agora vão encerrar.
A obra ficou parada e ao abandono desde fevereiro de 2017, ocupada por dezenas de cidadãos nacionais e estrangeiros sem local para dormir, mas também por toxicodependentes, tendo sido os indivíduos retirados do edifício, que foi entaipado para a CVR o entregar ao proprietário.