Hélder Bianchi, antigo líder do "gangue de Valbom", foi atingido numa perna por um disparo de uma arma de fogo efetuado por um inspetor da Polícia Judiciária (PJ) em Gondomar, apurou o JN. O incidente ocorreu no mesmo dia em que Bianchi foi absolvido pelo Tribunal de Viana do Castelo de sequestro e agressões.
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Pelas 16 horas, na Rua Alto de Gramido, em Gondomar, Hélder Bianchi foi abordado por uma brigada da Polícia Judiciária que investiga crimes de homicídio.
O objetivo da Polícia Judiciária seria executar um mandado de detenção para cumprimento de uma pena de prisão de dois anos e meio.
Segundo refere a Judiciária, em comunicado, "dada a perigosidade do condenado, isto em face dos vastos antecedentes criminais conhecidos", foi montada uma operação para o deter.
“O visado, apercebendo-se da aproximação dos elementos desta Polícia Judiciária encetou uma tentativa de fuga, num primeiro momento numa viatura e quando esta ficou imobilizada prosseguiu a tentativa de forma apeada", revelou a PJ.
Na sua interceção, e para proteger a integridade física dos inspetores, "foi necessário recorrer ao uso de arma de fogo através de disparos de advertência".
Mas Hélder Bianchi reagiu e "tentou desarmar um dos inspetores, acabando o condenado por ter sido atingido, sem gravidade", por um disparo numa perna.
Após ser atingido por um tiro, foi transportado para o Hospital de Santo António, no Porto, segundo revelou à Lusa fonte dos Bombeiros de Gondomar.
A pena de prisão efetiva de dois anos e meio, a que Bianchi foi condenado e que transitou em julgado em 2023, pune factos semelhantes, ocorridos em 2018, em Valongo. Numa abordagem da PJ, Bianchi também terá tentado atingir a PJ com um carro. Foi condenado por um crime de dano e outro de resistência e coação sobre funcionário. Tendo em conta os seus antecedentes, a pena de prisão de dois anos e meio não foi suspensa.
Entretanto, Bianchi estava a ser julgado, em dois processos distintos, nos tribunais de Penafiel e de Viana do Castelo. Neste último foi absolvido, precisamente, esta quinta-feira à tarde, de crimes de sequestro e agressões. No caso de Penafiel, responde por um assalto.
Hélder Bianchi foi autorizado pelo coletivo de juízes de ambos os processos a não comparecer nos julgamentos, com o argumento de que estaria a trabalhar no estrangeiro.
Esta quinta-feira à tarde, o homem foi intercetado pela PJ junto a uma casa que terá em construção em Gondomar.
Gangue de Valbom
Hélder Bianchi tem apenas 36 anos, mas é já considerado um histórico do crime no país. Tornou-se conhecido por ser, aos 18 anos, um dos líderes do violento gangue de Valbom (assumindo o nome daquela freguesia de Gondomar).
Em meio ano, o gangue efetuou roubos à mão armada, carjackings e tentativas de homicídio, incluindo de um inspetor da Polícia Judiciária, baleado à queima roupa à porta de casa, em Vermoim, na Maia, durante um carjacking.
Ao gangue de Valbom, composto por 15 elementos, a justiça atribuiu, entre outros, os assaltos à Feira do Ouro, na Rua de Santa Catarina, Porto, em junho de 2008, à Joalharia Machado, na Vila das Aves, a 6 de agosto e à Ourivesaria Lote, Fornos de Algodres, em Agosto de 2008, que rendeu 124 mil euros.
Em 2010, Bianchi foi condenado a dez anos de prisão. Saiu em 2018, mas logo no ano seguinte voltava a ser detido por suspeita de roubos à mão armada. Antes, tentara fugir e atropelar os inspetores que tiveram de disparar para o ar para o deter, em Santo Tirso.
Tráfico de droga
Hélder Bianchi a sua atividade criminosa ao tráfico de droga, sendo considerado um dos maiores traficantes do país.
Numa operação em julho de 2020, a PJ do Porto apreendeu, no Algarve, cerca de 840 quilos de haxixe, avaliados em cerca de dois milhões de euros e, no ano seguinte, foi montada uma operação para desmantelar a rede que iria distribuir a droga e deter, entre outros suspeitos, Hélder Bianchi. No entanto, ele conseguiu escapar.