As organizações sindicais dos médicos acusam a tutela de não cumprir o que prometeu. O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) mantêm as paralisações, em julho e agosto, porque o Ministério da Saúde não entregou os documentos da sua proposta no processo negocial.
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"O Governo não fez aquilo que é a sua obrigação: apresentar propostas concretas em relação a quatro matérias, como a grelha salarial, a dedicação plena, o serviço de urgência e a organização e a disciplina do trabalho médico", afirmou Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, aos jornalistas, depois do encontro com o Governo. A reunião realizada, esta sexta-feira à tarde, a pedido do Ministério da Saúde, não teve qualquer acordo. "Sem propostas concretas", disse o representante sindical, o SIM mantém a greve marcada para os dias 25, 26 e 27 de julho. A partir da próxima segunda-feira, haverá ainda uma greve dos médicos ao trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários.
Desde maio do ano passado que o Ministério da Saúde, ainda tutelado por Marta Temido, iniciou um processo negocial com os médicos para a revisão da grelha salarial e das condições de trabalho dos clínicos. As negociações deveriam terminar a 30 de junho deste ano, mas tal não aconteceu. A reunião desta sexta-feira era tida como a última das negociações, porém o Governo marcou uma outra para a próxima sexta-feira, 28 de julho. "Estamos há 15 meses neste processo", disse a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.
Processo parece um "simulacro"
"O problema que se passa aqui é que parece não haver uma vontade por parte do Ministério de Saúde em andar com o processo para a frente. Questionamos até se o Governo não estará a tentar suspender esta negociação", afirmou Joana Bordalo e Sá. A FNAM mantém a greve nos dias 1 e 2 de agosto, que coincidem com o início da realização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
Tal como Roque da Cunha, também a presidente da FNAM critica a falta de entrega das propostas por parte do Ministério da Saúde. Segundo a representante sindical, os documentos deveriam ter sido entregues até 14 de julho. "É o Ministério da Saúde que está a atrasar de forma maléfica e tornar todo este processo um simulacro que não atende às necessidades do país".
"Naturalmente, há um esforço do Dr. Manuel Pizarro, mas não chega. Não bastam palavras, é preciso atos. É preciso que aquilo que é dito de amor ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), seja concretizado através de propostas concretas", referiu Roque da Cunha. Joana Bordalo e Sá não confirma a presença da FNAM na próxima reunião com o Ministério da Saúde. "Apenas estaremos em condições de nos sentar nesta mesa, quando a proposta concreta chegar às nossas mãos e que temos de analisar", disse.