Missão valiosa feita na sombra: o que fazem os sprinters numa corrida de "sobe e desce"
Num terreno talhado por subidas e descidas, pincelado de socalcos do Douro, os sprinters e roladores, adeptos de estrada plana e de chegadas explosivas, assumem, na sombra, um papel valioso: garantir o melhor desempenho dos homens da montanha. Porém, defendem mais chegadas rápidas no calendário português.
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Lidar com o “rompe-pernas” não é fácil, mas todos conhecem o seu lugar. “Cada ciclista tem o seu papel. O meu é sprintar, mas nesta corrida é garantir que os trepadores chegam às subidas nas melhores condições”, explica Tomas Contte. O argentino da Aviludo-Louletano-Loulé Concelho, que nas chegadas rápidas figura sempre entre os primeiros, tem no GP Douro a missão de levar água e gelo aos seus líderes. Também João Matias – normalmente um dos rivais de Contte nas chegadas rápidas –, trabalha comprometido em fazer brilhar os trepadores da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua.
O corredor de Barcelos sublinha que o mais importante é o resultado coletivo, mas defende a necessidade de dar mais oportunidades aos sprinters. “O nosso calendário é limitado, não temos assim tantos dias de competição, e infelizmente não temos tantas chegadas ao sprint como o desejado”, aponta Matias. A opinião é corroborada por Diogo Narciso. O ciclista da Credibom-LA Alumínios-Marcos Car não desvaloriza a “caça” às classificações secundárias, já que é uma forma de “ir ao pódio dignificar os patrocinadores”, mas considera que falta espaço para os sprinters brilharem. “É algo que tem vindo a ser falado, mas para já ainda nada mudou”.Desde que chegou a Portugal, em 2021, Contte não conhece outra realidade.
A “dureza das provas” nacionais é, segundo o argentino, comentada no estrangeiro. “Eu era um sprinter puro e tive de me adaptar, tive de começar a subir, se não nunca chegava para discutir o sprint”. João Matias ressalva que a aposta em etapas mais planas e com chegadas em pelotão compacto não é pedir a vida facilitada, mas sim lugar para todos. “Deve haver etapas duras e longas, mas a dureza devia estar mais perto do fim para dar mais espetáculo e segurança ao pelotão”.