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Há dez anos, o F. C. Porto tinha uma situação desportiva e financeira estável, ostentava o rótulo de tricampeão nacional e ainda vivia sob o efeito da Liga Europa, o último grande título internacional de um clube português. Possuía o passivo de 227 milhões de euros (M€) mais pequeno dos três grandes, atrás do Sporting (258 M€) e do Benfica (440 M€), e era a única sociedade desportiva que apresentava lucros (20,3 M€) nas contas anuais do exercício de 2012/13, enquanto os rivais da Luz e de Alvalade viviam uma crise de identidade com prejuízos, respetivamente, de 10,4 M€ e 43,8 M€. O segredo do sucesso era simples: marcar presença na Liga dos Campeões, atacar o mercado de transferências de forma cirúrgica e comprar jogadores de qualidade por preços acessíveis para transferi-los por valores bem elevados. Tudo isto sem perder a mecânica do sucesso desportivo.
Mas numa década tudo se perdeu por culpa de uma gestão de risco que os efeitos da pandemia vieram acentuar e também porque a ânsia de querer encurtar distâncias para o Benfica motivou algumas loucuras. Como deixar sair jogadores a custo zero, que teriam peso para recuperar o terreno vermelho nas contas, casos de Herrera, Brahimi, Mbemba, Marega, Marcano, Aboubakar, e até Uribe, que em circunstâncias normais seriam uma boa almofada financeira. Depois, porque o F. C. Porto patinou em contratações discutíveis como foram os casos de Imbula (20 M€), Nakajima (12 M€), Adrian López (11 M€) e Zé Luís (10 M€) - e só o tempo dirá até que ponto o risco de garantir David Carmo por 20 M€ foi prudente.
Em dez anos, o F. C. Porto só ganhou três campeonatos, o Benfica seis e o Sporting um. Hoje, os dragões têm um passivo de 532 M€, bem à frente dos rivais da Luz (444 M€) e de Alvalade (309 M€), e apresentou prejuízos de 47,7 M€, enquanto o Benfica tem lucros de 4,2 M€ e o Sporting de 25,6 M€. E isto sem esquecer que a SAD tem capitais próprios negativos de 175 M€ . Não é preciso dizer mais nada...
*Editor