O Banco Central Europeu manteve esta quinta-feira os juros de referência nos 1,50%, num momento marcado pelo abrandamento económico da zona euro e pelo ressurgimento da crise da dívida soberana, anunciou a instituição financeira.
Corpo do artigo
O conselho de governadores do BCE, liderado por Jean-Claude Trichet, manteve a taxa de juro em 1,5%, assim como a taxa para o financiamento de muito curto-prazo, que fica inalterada nos 2,25%, e a taxa de depósito estabiliza nos 0,75%.
O BCE reviu a taxa de referência para a zona euro para 1,5% em Julho, no segundo aumento deste ano. O primeiro aumento, de 25 pontos base, deu-se em Abril, depois de quase dois anos no mínimo histórico de 1%.
O abrandamento económico da zona euro e o ligeiro recuo da inflação, que se situou nos 2,5% em Julho face aos 2,7% do mês anterior, deverão ter contribuido para este cenário.
A intensificação da crise da dívida soberana também deverá ter sido considerada pela instituição, depois de, na terça-feira, o 'spread' dos títulos espanhóis a 10 anos face aos títulos alemães (referencial para a Europa) ter superado durante cerca de 30 minutos os 400 pontos base, o máximo desde a entrada do país na zona euro, em 1999.
Minutos antes da divulgação do BCE, o presidente da Comissão Europeia apelou aos líderes da zona euro para que sejam feitas mudanças ao fundo de resgate, o que poderá passar pela expansão deste instrumento, num sinal claro de preocupação com o reacender da crise da dívida soberana na zona euro.
Numa carta citada pela agência Associated Press, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, pediu que fosse realizada "uma rápida reavaliação de todos os elementos relacionados com" o fundo de resgate da zona euro, no sentido de impedir o contágio da crise a Espanha e Itália.
Segundo aquela agência noticiosa, o responsável pelo braço executivo da União Europeia também afirmou que é preciso acelerar a implementação das mudanças ao fundo, conforme acordado em Conselho Europeu no passado dia 21 de Julho.
De acordo com as medidas anunciadas então, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira ganhará mais flexibilidade para intervir no mercado secundário e actuar junto da dívida pública de países em dificuldades se o Banco Central Europeu assim o entender.