A "troika" de credores internacionais da Grécia adiou para janeiro uma nova missão a Atenas e congelou um empréstimo de mil milhões de euros por não terem sido aplicadas as reformas exigidas, anunciou este sábado a Comissão Europeia.
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"As discussões técnicas vão continuar em Atenas na próxima semana e esperamos que os negociadores possam deslocar-se a Atenas em janeiro, se as autoridades tiverem realizado progressos na aplicação das reformas", explicou, em comunicado, Simon O'Connor, porta-voz do comissário europeu para os Assuntos Económicos Olli Rehn.
A questão será também debatida na segunda-feira, em Bruxelas, numa reunião de ministros da Economia dos 17 países da 'zona euro'.
O parlamento grego vota ainda este sábado um novo orçamento de austeridade para 2014, num clima de desafio aos credores da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, dos quais espera um maior reconhecimento dos sacrifícios e dos progressos conseguidos desde o início da crise.
Após seis anos consecutivos de recessão, a lei prevê um regresso ao crescimento com um Produto Interno Bruto de 0,6%.
A Grécia e a "troika" (UE, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) não conseguem fechar as negociações, iniciadas no final de setembro, sobre as condições de pagamento de uma tranche de mil milhões de euros, no âmbito do segundo resgate do país.
A obtenção de um acordo é cada vez mais importante, uma vez que a Grécia assume a 01 de janeiro a presidência semestral da UE.
O orçamento será excecionalmente votado sem o aval total da "troika", com a possibilidade de ser revisto nos próximos meses: Atenas e os credores estão também divididos nas necessidades de financiamento do país em 2014, avaliadas pela Grécia em 500 milhões de euros, no triplo para os credores.
A lei prevê um aumento de 2,1 mil milhões nos ganhos deduzidos dos impostos para uma descida de 3,1 mil milhões nas despesas, através de cortes na saúde, prestações sociais e educação.
Os responsáveis gregos começaram a falar de uma saída dos planos de ajuda internacionais, e garantiram estar a preparar um regresso do país aos mercados.
Cerca de 240 mil milhões em empréstimos foram injetados no país desde que foi colocado no programa de assistência da UE e do FMI em 2010.
Longe deste otimismo, os sindicatos denunciaram um orçamento que vai levar "a um aumento do desemprego, a um empobrecimento da população, ao fim da coesão social e a uma crise humanitária sem precedentes".