Moscovo nega que manobras militares na Bielorrússia sejam contra países terceiros
Moscovo negou, esta quinta-feira, que os exercícios russo e bielorrusso que começam sexta-feira na Bielorrússia, sejam dirigidos contra países terceiros e que se incluem no tratado de cooperação na defesa.
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O porta-voz da Presidência da Rússia, Dmitri Peskov, disse em conferência de imprensa que as manobras designadas como "Zapad-2025" têm como objetivo dar continuidade à cooperação militar e reforçar a interação estratégica entre dois países aliados.
"(Os exercícios militares) não são dirigidos contra ninguém", sublinhou Peskov, acrescentando que as relações entre a Rússia e a Bielorrússia "não são segredo para ninguém".
As manobras que começam na sexta-feira vão ocorrer dois dias depois de aparelhos aéreos não tripulados (drones) russos terem violado o espaço aéreo polaco. A Polónia classificou a incursão como um "ato de agressão". Peskov negou a acusação.
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A Rússia e a Bielorrússia vão realizar as primeiras manobras Zapad desde 2021, quando os exercícios foram comandados pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Os exercícios, entre 12 e 16 de setembro, vão ser realizados sobretudo em campos de treino militar em Borisov, perto da capital bielorrussa e a cerca de 450 quilómetros da fronteira com a Polónia.
De acordo com os ministérios da Defesa dos dois países, as manobras visam reforçar a segurança militar da União Estatal Rússia-Bielorrússia face ao que consideram ser a ameaça da Aliança Atlântica.
Em princípio, vão participarão menos efetivos militares do que em 2021, quando foram registados 200 mil soldados.
Além de militares russos e bielorrussos devem participar nas manobras que começam na sexta-feira soldados de outros países como a Índia e o Irão.
De acordo com o Estado-Maior Bielorrusso, as manobras vão incluir lançamentos simulados de armas nucleares e mísseis balísticos hipersónicos Oreshnik.
A Bielorrússia, principal aliado da Rússia na guerra da Ucrânia, assinou um acordo de segurança com Moscovo no final de 2024, após o qual o líder russo Vladimir Putin anunciou a possibilidade de vir a instalar mísseis Oreshnik no país vizinho no segundo semestre de 2025.
Putin garantiu então que a Rússia está pronta a defender a Bielorrússia "com todas as forças" disponíveis, incluindo as armas nucleares táticas que Moscovo deslocou para o país vizinho após o início da guerra na Ucrânia.
O Oreshnik, um míssil de médio alcance capaz de transportar ogivas nucleares, pode teoricamente, atingir alvos a milhares de quilómetros de distância com uma margem de erro de apenas algumas dezenas de metros.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, cujo país fechou a fronteira com a Bielorrússia, afirmou na quarta-feira que os mísseis Zapad-2025 vão simular a tomada do chamado "Corredor Suwalki", uma faixa com algumas dezenas de quilómetros de largura que é a única ligação terrestre entre os Estados Bálticos e a Polónia.