O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, iniciou esta terça-feira uma série de consultas de última hora com alguns líderes europeus e da Comissão Europeia (CE) na procura de uma solução para o bloqueio das negociações. Varoufakis confirmou que gregos não vão pagar ao FMI hoje.
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O presidente da Comissão Europeia propôs ao primeiro-ministro grego um acordo de última hora, que os credores aceitariam "fechar" se Atenas se comprometer hoje a aceitar a última proposta e em fazer campanha pelo "sim" no referendo.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem conhecimento da proposta apresentada segunda-feira e foi informado de que deveria enviar hoje uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, à chanceler alemã, Angela Merkel, e ao presidente francês, François Hollande, "a aceitar a proposta de sábado das três instituições" e, além disso, "teria que se comprometer com uma 'campanha pelo sim' nesta base".
Esta resposta teria de chegar durante o dia de hoje, em que termina o programa de resgate, a tempo de uma reunião de emergência do Eurogrupo.
Esta tarde, soube-se que Alexis Tsipras iniciou uma série de consultas de última hora com alguns líderes europeus e da Comissão Europeia (CE) na procura de uma solução para o bloqueio das negociações.
Fontes governamentais disseram que Tsipras falou com o presidente da CE, Jean-Claude Juncker, com o governador do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e com o presidente do parlamento Martin Schulz, sem darem pormenores sobre o conteúdo das conversas.
Segundo os media locais, o executivo grego mantém a "linha aberta" com a CE e fontes governamentais citadas falam de um dia "muito interessante".
Não se sabe se há ou não nova proposta
Existe ainda alguma confusão sobre a proposta de que falou hoje Juncker é, ou não, a mesma que estava em cima da mesa na sexta-feira à noite e que acabou rejeitada pelos gregos. Hoje, a chanceler alemã Angela Merkel declarou que não conhece qualquer nova proposta europeia à Grécia para desbloquear um acordo de última hora. "A última oferta da Comissão que conheço é a da última sexta-feira e não posso dizer mais nada", afirmou Merkel, depois de Bruxelas ter dito que propôs uma solução de "última hora" ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras. Contudo, a dirigente alemã reafirmou que "a porta continua aberta" para novas negociações com Atenas.
A proposta dos credores para libertarem dinheiro para Atenas inclui - entre outros pontos - subidas no IVA em vários produtos e serviços, reduções nas pensões, fim gradual das reformas antecipadas e aumento da idade da aposentação.
O tema das pensões foi o que mais tensão criou entre os credores e Atenas, sendo que o problema neste caso está sobretudo no chamado 'Ekas', o suplemento de solidariedade para os pensionistas, que os credores não consideram uma pensão de reforma, porque não depende completamente dos descontos feitos e querem que seja eliminado.
Já a reestruturação da dívida, que o Governo suportado sobretudo pelo partido de esquerda Syriza tem reclamado, não faz parte do pacote proposto.
Fontes comunitárias disseram que os credores fizeram saber ao executivo helénico que estariam disponíveis para discutir um alívio da dívida, que representa cerca de 180% do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro da riqueza produzida pela Grécia, mas só aquando da negociação de um terceiro resgate ao país.
Hoje termina o atual programa de resgate à Grécia, ao extinguir-se o prolongamento de quatro meses dado em Fevereiro com o objetivo de ser conseguido um acordo entre o Governo grego e os credores para desbloquear ajuda financeira.
Grécia não paga ao FMI
Hoje termina o prazo para Atenas reembolsar o Fundo Monetário Internacional em quase 1.600 milhões de euros, o que não deverá fazer, entrando por isso em incumprimento perante este credor.
Yanis Varoufakis, confirmou hoje que a Grécia não vai reembolsar o empréstimo. Varoufakis foi questionado por jornalistas que o esperavam à entrada do Ministério das Finanças em Atenas. "Não", respondeu laconicamente, antes de entrar no ministério.
Anteriormente, a ministra-adjunta das Finanças grega, Nadia Valavani, tinha afirmado que Atenas não iria reembolsar o empréstimo de cerca de 1.600 milhões de euros ao FMI, salvo se fosse encontrada uma solução de última hora que permitisse enfrentar este pagamento e evitar entrar em "incumprimento".
Valavani insistiu que para fazer o reembolso não seria necessário um novo acordo com as instituições (Comissão Europeia, BCE e FMI) porque faz parte do programa de resgate vigente.
Até às 18:00 horas em Washington (00:00 em Lisboa), a Grécia pode efetuar este reembolso que agrupa três pagamentos de junho, caso contrário entrará em incumprimento em relação ao FMI.
Se a Grécia não pagar hoje, é iniciado um processo de tramitação, que, como recordou Valavani, pode durar um mês até que seja declarado o incumprimento.
Na Grécia, para evitar o pânico financeiro, os bancos estão encerrados, assim como a bolsa de Atenas, havendo ainda limites de levantamento de 60 euros por dia nos multibancos.