O Syriza obteve uma vitória clara, com 36,34% dos votos, elegendo 149 deputados, menos dois do que os 151 necessários para a maioria absoluta, quando estavam contados 99,8% dos votos. O partido neonazi conseguiu o terceiro lugar.
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Na sede do Syriza, na Praça Koumoundourou, em Atenas, a noite foi de emoções fortes. Apreensão, primeiro, enquanto não chegavam as primeiras projeções. Euforia, depois, quando as primeiras sondagens à boca das urnas apontavam para uma provável maioria absoluta. E preocupação, de novo, quando a primeira estimativa oficial de resultados atribuiu 150 deputados à Coligação de Esquerda Radical, menos um do que o tão sonhado objetivo de ter as "mãos livres" para governar sem parceiros.
Já esta segunda-feira de madrugada, com 99,8% dos votos contados, o Syriza obteve uma vitória clara, com 36,34% dos votos, elegendo 149 deputados, menos dois do que os 151 necessários para a maioria absoluta.
Os conservadores da Nova Democracia, atualmente no poder, contavam com 27,81%, percentagem que corresponde a 76 assentos.
Já o terceiro partido mais votado foi o neonazi Aurora Dourada, seguido do To Potami, com 6,28% e 6,05%, ambos com 17 deputados.
Seguiam-se os comunistas do KKE, com 5,47% (15 deputados) e os Gregos Independentes ANEL, e os socialistas do Pasok, com 4,75% e 4,68% dos votos, respetivamente, ambos com 13 deputados.
Com a certeza da vitória, Alexis Tsipras foi ao encontro de muitos milhares de apoiantes que o esperavam na Praça Klafthmonos e deu como certo que a Grécia passa a ter um novo Governo e, com ele, o fim da troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
"Hoje o povo grego fez história. O povo soberano deu-nos um mandato muito claro. A Grécia vira uma página, deixa para trás a austeridade, o medo e cinco anos de humilhação", disse.
Primeiro um discurso para dentro, depois uma referência à Europa, com quem se prepara para fazer uma espécie de braço de ferro.
Alexis Tsipras defendeu que a Grécia faz agora parte de uma Europa em mudança. "O novo Governo grego vai negociar uma justa solução para a dívida", prometeu aquele que, aos 40 anos, será o mais jovem primeiro-ministro de sempre na Grécia, e o primeiro chefe de Governo de um país europeu com o suporte de um partido esquerdista.
"Hoje vamos festejar, amanhã começa um trabalho duro", disse Tsipras à despedida. De facto, durante as próximas semanas, e de acordo com o calendário que estava estabelecido, o novo Governo terá que negociar uma extensão do programa de resgate (o atual termina a 28 de fevereiro) e, ao mesmo tempo, um terceiro pacote de ajuda financeira, que supunha cortes adicionais, por exemplo nas pensões. Segundo fontes citadas pelo jornal espanhol "El País", nenhuma das partes - União Europeia e Grécia - será apanhada de surpresa, uma vez que altos dirigentes do Syriza foram muitas vezes a Bruxelas, durante as últimas semanas, para conversas preliminares.
Para além da vitória do Syriza e do terceiro lugar dos neonazis, estas eleições ficam igualmente marcadas por um outro facto histórico: os socialistas do PASOK tornam-se um partido praticamente irrelevante. Ficam em sexto lugar, com 4,68% e 13 deputados, atrás do To Potami (O Rio), partido centrista que concorreu pela primeira vez a eleições legislativas (6,05% e 17 deputados) e até do Partido Comunista (5,47% e 15 deputados). No Parlamento estarão ainda os Gregos Independentes, movimento nacionalista de direita (4,75% e 13 deputados).