A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou, esta terça-feira, que foi "recolhida extensa prova documental e material" no âmbito de um inquérito do Ministério Público (MP) ao descarrilamento de uma composição do Elevador da Glória, na passada quarta-feira, em Lisboa.
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O acidente, ocorrido há uma semana, causou 16 mortos, cinco portugueses e 11 estrangeiros, e pelo menos 22 feridos, dos quais nove ficaram em estado grave.
Segundo a nota da PGR à Comunicação Social, foi também "iniciada a inquirição de testemunhas" pelo MP. O inquérito é dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa e foi-lhe aplicado o regime de segredo de justiça.
Ontem também, a Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou, por unanimidade, um voto de pesar pelas vítimas, saudando as pessoas e entidades envolvidas no socorro e assistência aos feridos. O órgão deliberativo do município expressou ainda a "solidariedade às famílias, amigos e colegas das vítimas, endereçando as sentidas condolências a todos os que sofrem neste momento de luto."
No documento, subscrito pelos elementos da mesa da AML, Rosário Farmhouse (presidente), Ana Mateus e Fernando Correia, prevê-se o envio do voto de pesar "às famílias enlutadas residentes em Portugal, à Câmara Municipal de Lisboa e, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a todas as famílias das vítimas estrangeiras."
Moedas sem censura
No mesmo dia, a Assembleia Municipal de Lisboa rejeitou a moção de censura do Chega que pretendia responsabilizar politicamente o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), pelo descarrilamento. Entre os 75 deputados municipais, PSD, IL, MPT, Aliança e CDS-PP votaram contra, BE, Livre, PEV, PCP, dois deputados independentes do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PS e PAN abstiveram-se, enquanto o Chega teve o apoio do PPM no voto favorável.
Munícipe retirado
Durante a assembleia, um munícipe exigiu respostas e interpelou diretamente o presidente da câmara. "Como se chegou a esse número de 600 dias para substituição do cabo. Queria votar, mas queria votar em consciência", disse Alfredo Cordeiro, no período aberto ao público.
Depois da intervenção, o munícipe exigiu, a partir das bancadas, respostas de Moedas, tendo a presidente da Assembleia Municipal avisado que "o público não pode pronunciar-se". Rosário Farmhouse pediu à Polícia Municipal para retirar "o público que está a perturbar a assembleia" e Alfredo Cordeiro teve de sair. O presidente da câmara sinalizou que falaria àquele munícipe, saindo também da sala.