O Podemos, de Pablo Iglesias, quer integrar um Governo "de mudança" em Espanha juntamente com os socialistas do PSOE e com os comunistas da Izquierda Unida.
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Pablo Iglesias falava no Congresso dos Deputados, após uma reunião com o o Rei Felipe VI, na qual transmitiu a intenção de começar desde já a negociar essa solução, bem como os apoios necessários a uma investidura do secretário-geral do PSOE como presidente do Governo.
O líder do Podemos (esquerda radical) acrescentou que, nesse eventual "governo de mudança", seria vice-presidente.
O PP de Mariano Rajoy ganhou as eleições espanholas a 20 de dezembro, com 123 deputados mas sem maioria absoluta. O PSOE conseguiu 90 deputados e o Podemos e as suas formações regionais 69 assentos, o que obriga qualquer um dos partidos a acordos pós-eleitorais.
Iglesias explicou que o governo que pretende formar com o PSOE deve ser proporcional aos resultados das eleições gerais e lembrou que o PSOE apenas teve menos 300 mil votos que as forças de esquerda que poderiam integrar o executivo.
O responsável da formação da cor roxa (a cor que integrou a bandeira da Espanha republicana) disse que quer integrar o Governo e o conselho de ministros precisamente para fiscalizar o PSOE quanto à intenção de mudar de política em Espanha, rumo a medidas sociais e fim da austeridade.
O líder do Podemos referiu nomes de responsáveis do Podemos como possíveis futuros ministros - caso do seu "número dois", Íñigo Errejón - e mesmo da IU, mas recusou que a ideia esteja "em fase avançada de amadurecimento".
Pelo contrário, afirmou que o Rei de Espanha foi o primeiro a saber das suas intenções e que agora resta trabalhar com o PSOE para que se concretize.
Iglesias vincou que esse governo teria de ter como políticas o fim da austeridade e dos cortes, bem como o combate à corrupção e desdramatizou uma das suas linhas vermelhas durante a campanha: um referendo pela independência na Catalunha.
O Podemos integra no seu grupo parlamentar sub-divisões regionais - o En Comú Podem, da Catalunha, e o En Mareas, da Galiza. Também integrava o Compromís, da Comunidade Valenciana, mas quatro dos seus deputados decidiram tentar formar um grupo à parte.
O En Comú Podem defende um referendo pela independência na Catalunha, mas tem vindo a suavizar a sua posição quanto a este assunto, que o PSOE - e os seus "barões" regionais - rejeita.
Apesar de o tema do referendo ter deixado, entre o Podemos, de ser "linha vermelha", Iglesias disse que o En Comú Podem deveria ocupar uma nova tutela, um "Ministério da Plurinacionalidade", para resolver o conflito catalão. "Não debatemos com linhas vermelhas, mas toda a gente tem de entender como votaram os catalães a 20 de dezembro", salientou.
A conferência de imprensa de Iglesias, na qual surpreendeu com esta proposta, apanhou o líder do PSOE, Pedro Sánchez, já em reunião com o Rei Felipe VI.