O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, recusou comentar a proposta do Podemos de entrar num "executivo de mudança" com os socialistas, afirmando que, primeiro, o PP de Mariano Rajoy deve tentar formar Governo.
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"Este é o momento de Mariano Rajoy tentar formar Governo. Se este fracassar, eu e o PSOE tudo faremos para que haja em Espanha um Governo progressista", disse Pedro Sánchez no Congresso dos Deputados, numa conferência de imprensa após uma reunião com o Rei Felipe VI.
Enquanto estava no encontro com o monarca, o líder do Podemos - que antes tinha estado reunido com Felipe VI - disse que depende dos socialistas aceitar um Governo com elementos do PSOE, do Podemos (esquerda radical) e da Izquierda Unida (comunistas) com Pablo Iglesias a vice-presidente.
Iglesias chegou mesmo a falar em vários nomes para ocupar ministérios num "governo de mudança" e de políticas sociais para acabar com a austeridade, os cortes e a falta de diálogo com as regiões espanholas que querem ser independentes.
Pedro Sánchez, confrontado com a proposta do Podemos - revelada apenas esta sexta-feira após o encontro com o Rei - insistiu que "em democracia não há atalhos" e que apenas falará de formação de governos depois de o PP falhar esse objetivo.
"Foi o Rei que me informou sobre a proposta de Pablo Iglesias. Pelo que ouvi, entrei [na reunião com o Rei] sem Governo e parece que já tenho ministros nomeados", disse Pedro Sánchez, salientando que "ainda não" falou com o líder do Podemos.
Sánchez agradeceu a Pablo Iglesias a oferta, mas salientou que os dois partidos até podem coincidir nos objetivos das reformas, mas que as políticas e os seus instrumentos são coisas diferentes.
"O lógico é que primeiro falemos das políticas e só depois de como se forma esse Governo. Falarei com Pablo Iglesias e com todas as outras formações políticas" à exceção do PP, disse o líder do PSOE, reiterando que os socialistas não apoiarão o PP nem Mariano Rajoy.
Pedro Sánchez insistiu que "os eleitores do PSOE e do Podemos não entenderiam" que os dois partidos não chegassem a um acordo para afastar o PP e Mariano Rajoy da Moncloa.
Por outro lado, aceitou o desafio lançado por Iglesias de abrir as negociações entre os dois partidos à cidadania, ou seja, transmiti-las em direto pela televisão.
"Repito o que já disse a 28 de dezembro no final da reunião da Comissão Federal do PSOE: negociações com transparência e luz. Aceito perfeitamente que as negociações sejam transmitidas por 'streaming'", disse.
O secretário-geral do PSOE foi ainda confrontado com uma frase de Pablo Iglesias: "A possibilidade histórica de que Pedro Sánchez seja presidente é um sorriso do destino que terá de me agradecer".
Pedro Sánchez respondeu com duas palavras, em inglês: "No comments!".
O PP de Mariano Rajoy ganhou as eleições espanholas a 20 de dezembro, com 123 deputados mas sem maioria absoluta. O PSOE conseguiu 90 deputados e o Podemos e as suas formações regionais 69 assentos, o que obriga qualquer um dos partidos a acordos pós-eleitorais.