Leonarda Dibrani, uma estudante de 15 anos, natural do Kosovo e de etnia cigana, foi detida pelas autoridades francesas, na terça-feira da semana passada, durante uma visita de estudo, para ser deportada. A estudante estava a dois meses de obter a cidadania francesa.
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A família Dibrani vivia em França há quatro anos e dez meses. Leonarda Dibrani, que morava com os pais e com cinco irmãos numa localidade francesa perto da fronteira suíça, estava apenas a dois meses de conquistar a cidadania francesa quando as autoridades a deportaram.
O pai de Leonarda tinha sido preso em agosto e a sua deportação tinha sido marcada para o dia 8 de outubro, terça-feira da semana passada. Nesse mesmo dia, Albert Jeannin, presidente de Levier, localidade onde a família Dibrani vivia, telefonou para o telemóvel de Leonarda e pediu-lhe que passasse a chamada à sua professora.
A professora Giacoma, que acompanhava os estudantes numa visita de estudo a uma fábrica de automóveis da Peugeot, mostrou-se incrédula quando percebeu que estava a falar ao telemóvel com o presidente de Levier.
"Disse-me que eu não tinha escolha e que devia deter o autocarro, uma vez que tinha de prender um dos nossos alunos porque se encontrava numa situação irregular", conta a professora Giacoma.
Após o autocarro parar num parque de estacionamento, a polícia forçou Leonarda Dibrani a descer da camioneta.
"Disse à Leonarda para se despedir dos seus colegas e desci com ela", relata a professora, que não esconde a incredulidade ao ver como a situação foi resolvida. "Ela chorava muito e portanto abracei-a para a reconfortar e disse-lhe que ia atravessar momentos difíceis e que ia precisar de muita coragem... Quando cheguei ao carro da polícia, saíram logo dois agentes e disse-lhes que prender uma menina a meio de uma atividade escolar era totalmente desumano."
No mesmo dia, às 13 horas, Leonarda e a restante família Dibrani, que incluíam os seus irmãos em idades entre os 1 e os 17 anos, foram repatriados para Pristina, a capital do Kosovo.
Entretanto, os professores de Leonarda escreveram uma carta aberta onde expressam a sua "estupefação" perante a forma como a estudante foi detida e deportada. Os docentes recordam ainda que cinco dos menores da família Dibrani estavam "escolarizados há mais de três anos, falavam perfeitamente francês e tinham direito à naturalização em dois meses".
A história de Leonarda está a causar grande impacto nas redes sociais, uma vez que surge a poucos meses das próximas eleições autárquicas francesas e numa altura em que o debate político se debruça sobre o tema da imigração. Há três semanas atrás, o ministro francês do Interior, Manuel Valls, defendeu o desmantelamento dos acampamentos ilegais de ciganos em França e a expulsão dos presumíveis 5 a 20 mil habitantes desta etnia.