O primeiro-ministro viaja, esta quinta-feira, para Viena, para uma breve estadia que incluirá contactos bilaterais com o chanceler e o presidente da Áustria, uma ida à ópera e uma visita a um programa de ensino dual.
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Ao fim da tarde, Pedro Passos Coelho vai assistir, a convite do Governo austríaco, à ópera de Verdi "Simão Bocanegra". Segue-se um jantar com o chanceler Werner Faymann, socialista que lidera o governo austríaco (coligação de tipo bloco central entre os socialistas do SPO e os democratas-cristãos do OVP).
Na manhã de sexta-feira, Passos Coelho e Faymann visitam um instituto de ensino vocacional em Viena - uma oportunidade para os dois primeiros-ministros discutirem o sistema de ensino dual na Áustria.
No sistema educativo austríaco, os estudantes podem optar por uma via mais académica e teórica ou por um percurso mais prático. Este sistema tem algumas semelhanças com o alemão, cujas virtudes o ministro da Educação, Nuno Crato, gabou recentemente.
Passos Coelho e o chanceler austríaco terão depois um encontro a sós, a que se seguirá uma conferência de imprensa. Antes de regressar a Lisboa, Passos Coelho terá ainda um encontro com o presidente austríaco, Heinz Fischer.
De acordo com uma fonte do gabinete do primeiro-ministro português, os objetivos desta deslocação à Áustria são idênticos ao de outros périplos pela Europa já realizados por Passos Coelho: reforçar os contactos bilaterais com os chefes de Estado e de Governo e discutir o futuro da União Europeia.
A resposta europeia à crise financeira deverá ser um dos temas abordados por Passos Coelho nos seus encontros com Faymann e Fischer.
A este respeito, a Áustria tem alinhado as suas posições com as da Alemanha. O Governo de Viena defende um aumento da responsabilidade orçamental dos países-membros do euro, embora assumindo menos protagonismo na promoção de políticas restritivas que países do Norte da Europa como a Holanda ou a Finlândia.
"Não queremos pagar os empréstimos dos nossos vizinhos", disse no ano passado Maria Fekler, ministra das Finanças austríaca (conservadora), embora ressalvando que o seu Governo acredita empenhadamente no projeto do euro.
A Áustria foi dos países da zona euro que melhor resistiu à crise financeira. O sistema bancário austríaco foi afetado pela sua elevada exposição à dívida de países da periferia europeia (particularmente a Itália). No entanto, a taxa de desemprego da Áustria era em 2012 a mais baixa da Europa (4,5%), e a União prevê que a economia austríaca volte a expandir-se este ano, embora moderadamente (0,9%).
As relações comerciais entre Portugal e a Áustria são relativamente pouco significativas no contexto da economia dos dois países. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações portuguesas para a Áustria ascenderam a 255 milhões de euros em 2012 -- a Áustria é apenas o 25.º maior cliente de produtos portugueses.
A comunidade portuguesa na Áustria é também muito reduzida, ao contrário das de países vizinhos como a Alemanha ou a Suíça. Segundo os dados mais recentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, estão registados pouco mais de 1500 cidadãos portugueses na Áustria.