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Câmara de Setúbal recorreu a "pessoas que sabiam a língua dos refugiados"

André Valente Martins Carlos Pimentel/Global Imagens

O presidente da Câmara de Setúbal, André Valente Martins, disse, esta sexta-feira, que os refugiados ucranianos foram recebidos na autarquia por russos, uma vez que estes "sabem falar a língua". Igor Khashin, dirigente da associação Edintsvo , é acusado de ter ligações ao regime de Putin e de ter participado no processo de acolhimento de 160 ucranianos em Setúbal.

Em Sessão Ordinária da Assembleia Municipal de Setúbal, André Valente Martins decidiu esclarecer que a Câmara recorreu aos serviços de acolhimento da associação uma vez que facilitam a comunicação. "Os serviços recorrem a pessoas que sabem a lingua dos refugiados para os receber", justificou.

Segundo o presidente, "o dirigente da associação [Igor Khashin] deu, nos primeiros dias, apoio na tradução". "Procurando dar resposta ao problema da língua, recorremos aos serviços desta associação", acrescenta ainda. O autarca disse ainda que a Câmara "não tinha competências" para investigar os membros.

O jornal "Expresso" noticiou hoje que pelo menos 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos por Igor Khashin, da associação Edintsvo, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município, que terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal.

A Edinstvo tinha um protocolo de colaboração com a Câmara Setúbal desde 2005 e desde então que "tem ajudado a autarquia no acolhimento e apoio a cidadãos de vários países de leste, entre os quais a Ucrânia, sempre com a máxima diligência e discrição no tratamento de todos os processos", e apela ao primeiro-ministro para que clarifique a situação com a máxima urgência.

Na sequência desta notícia, a autarquia retirou do acolhimento de ucranianos a técnica superior de origem russa e disse que vai pedir uma averiguação ao Ministério da Administração Interna para apurar "a veracidade das suspeitas veiculadas pelo jornal Expresso, manifestando total disponibilidade para prestar toda a informação necessária".

*com agências